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Soundtrack (2017)
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Soundtrack

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

O filme Soundtrack constrói uma envolvente ambientação na paisagem gélida do Ártico, mas peca ao não definir claramente seus personagens.

Cris (Selton Mello) é um artista brasileiro que viaja até uma isolada estação polar para criar uma nova obra, baseada em fotografias e som ambiente. Lá, encontra quatro pesquisadores: o inglês Mark (Ralph Ineson), com quem divide um alojamento, o brasileiro Cao (Seu Jorge), o chinês Huang (Thomas Chaaning) e o dinamarquês Rafnar (Lukas Loughran). Além das severas condições climáticas, Cris enfrenta também a rispidez dos cientistas, principalmente de Mark e de Huang.

Os cientistas não compreendem a intenção artística de Cris, e o visitante parece um intruso indesejado, que os obriga a agirem como babás para que ele evite os perigos locais. Porém, aos poucos, as partes se aproximam. Cris compreende a importância do trabalho dos pesquisadores, um projeto que levará noventa anos para ser concluído.

Ao submeter Mark a três trilhas sonoras diferentes, enquanto ele observa uma montanha, o artista consegue transmitir a magia da arte. Assim, é capaz de provocar três conexões distintas com o mesmo cenário: natureza, saudade e snowboarding. Para o espectador, que não ouve a música que o inglês ouve no fone de ouvido, a sua imaginação deve escolher a trilha para cada sensação. É uma sacada inteligente dos diretores Bernardo Dutra e Manitou Felipe, que assinam sob o codinome 300 ml.

Isolamento

A dupla também consegue transmitir a sensação de isolamento com a utilização de vários planos detalhes. Com isso, como numa geleira, não permite a visão ampla, dificultando entender o que acontece ao redor. Ou seja, uma metáfora do que se passa no relacionamento entre as pessoas na estação polar, colocando Cris de um lado, com sua arte, e os cientistas do outro.

Em uma cena extrema, Cris cai numa fenda no gelo. Então, o close é extremo e o seu grito desesperado por socorro não tem som, outra vez aproximando o plano da situação do personagem. É como um ponto isolado na imensidão da geleira, impossível de se ouvir qualquer grito.

Soundtrack é falado em inglês, justificadamente, porque os personagens são de vários países e conversam no idioma que todos entendem. Adicionalmente, vira um trunfo comercial para alcançar plateias internacionais, ainda mais com a caprichada produção que transforma cenários de estúdio em paisagem polar.

Personagens

Porém, a indefinição de quem são os personagens principais, ou melhor, de como hierarquiza-los, acaba minando esse potencial comercial. Nesse sentido, Soundtrack não define Cris como o protagonista. Além disso, o roteiro não reserva espaço para explicar o motivo para ele buscar essa criação artística em uma situação tão extrema. E, nem por quê ele se sente tão perdido nesse projeto, e muito menos o seu destino final.

Então, Mark parece ser o real protagonista, pois conhecemos sua vida pessoal fora da estação. Portanto, nos solidarizamos com a saudade que ele sente da família e com sua tristeza diante do que acontece com Cris. É, sem dúvida, o personagem mais interessante, mas que não foi planejado para ser o principal. Por isso, não atinge o grau de empatia necessário para isso. Os demais nunca atravessam o limite de serem secundários, portanto, não é possível cogitar um ensemble cast.

O filme Soundtrack é como o projeto de pesquisa dessa estação polar. Uma ótima produção, com intenções válidas, mas que não empolga por causa dos personagens.

 

Soundtrack (2017)
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