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THX 1138 (filme)
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THX 1138

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

“THX 1138” é o filme de arte de George Lucas

“THX 1138” possui alta relevância na história do cinema. Primeiro, por ser a estreia em longa-metragem de George Lucas, o criador de Star Wars. Segundo, porque atrapalhou o crescimento da Zoetrope, a empresa que Francis Ford Coppola criou para ser uma alternativa aos grandes estúdios hollywoodianos para a produção de filmes com maior qualidade artística.

Estudante de cinema e influenciado pelas obras europeias e japonesas, a intenção de George Lucas se adequava a esse idealismo da Zoetrope. No seu filme, THX 1138 (Robert Duvall) é o nome de um homem em um mundo futuro onde os homens devem viver como se fossem máquinas, servindo o sistema sem autorização para atitudes autônomas. As drogas funcionam para mantê-los nesse estado quase robótico. Quando THX 1138 viola as regras e faz sexo com sua colega de quarto, ele é preso para servir de matéria para experiências. Mas, consegue escapar, e o filme acompanha sua fuga.

Seriedade

A ficção científica de Lucas possui um clima sisudo. Na cidade futurista, predomina a cor branca nos ambientes internos dos prédios, sendo esta a cor das roupas dos cidadãos comuns. Nesse cenário insípido, os policiais vestem preto e aparentam ser máquinas, e por isso usam máscaras. A fotografia se opõe ao próximo filme de Francis Ford Coppola, “O Poderoso Chefão” (Godfather, 1972), cujo preto absoluto seria duramente criticado por aqueles que não compreenderam sua utilização. Para enfatizar a ambientação, todos são carecas. A cor branca só deixa de predominar quando os protagonistas resolvem fugir. Então, a cena final enche a tela com um sol alaranjado que ofusca os olhos dos espectadores que ficaram expostos à tela branca por quase uma hora e meia.

O filme toca em temas sérios, como o totalitarismo e a falsa religião. Há vigilância por câmeras por todos os lados, o confessionário é um local com uma foto holográfica de uma figura similar a Cristo, onde a pessoa conta seus pecados e uma gravação responde. O simbolismo típico de alguns filmes de arte surge na figura do grupo de freiras caminhando pelos corredores, com vestimentas cinza, uma tonalidade neutra, entre o branco dos cidadãos comuns e o preto dos policiais.

A direção de George Lucas

Lucas demonstra talento no posicionamento e na movimentação da câmera. Há vários enquadramentos que lembram os filmes japoneses, o que se justifica pela enorme admiração de Lucas por eles, principalmente aqueles dirigidos por Akira Kurosawa. O zelo pela mise-em-scène se faz notar positivamente, um trunfo de Lucas diante do desafio gerado pela ambiência totalmente branca. É mais evidente, porém, nas cenas em que se mostram os exteriores da cidade, em rápidos recortes na primeira metade do filme, e mais abundantes no restante. O diretor demonstra seu talento visionário, que se concretizaria definitivamente no primeiro filme da saga Star Wars, lançado em 1977. Contudo, o emprego do formato scope acaba não resultando no efeito desejado, porque a amplitude horizontal vai contra o sentimento de claustrofobia que se deseja transmitir. Com isso, gera algumas cenas onde seu emprego é redundante, alongando as mesas de controle, por exemplo.

O que salta aos olhos é que a produção não é de baixo orçamento, pelo contrário. Até por isso, a Zoetrope enfrentou dificuldades. Os executivos da Warner Brothers, que haviam aceitado a proposta de Coppola para a realização do filme com total liberdade aos autores, ficaram decepcionados com a temática opressiva do filme e voltaram atrás no acordo. De fato, os maus resultados na bilheteria serviram para redirecionar a carreira de Lucas. Em seguida, o jovem diretor desistiu de realizar filmes sérios e artísticos, rodando o alegre e otimista “Loucuras de Verão” (American Graffitti, 1973), que foi um sucesso. E, depois, “Guerra nas Estrelas” (Star Wars, 1977), que mudaria a história do cinema introduzindo o conceito blockbuster de distribuição. Aliás, reparem, perto dos 31 minutos de filme, no robô que está sendo consertado, muito semelhante ao que seria o C3PO de Star Wars.


Ficha técnica:

THX 1138 (THX 1138, 1971) 86 min. Dir: George Lucas. Rot: George Lucas e Walter Murch. Com Robert Duvall, Donald Pleasance, Don Pedro Colley, Maggie McOmie, Ian Wolfe, Marshall Efron, Sid Haig, John Pearce, Irene Cagen, Gary Alan Marsh, John Seaton.

Assista: entrevista de George Lucas sobre “THX 1138”

Onde assistir:
THX 1138 (filme)
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