Tinnitus (filme)
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Tinnitus

Avaliação:
5/10

5/10

Crítica | Ficha técnica

O zumbido no ouvido está no centro do filme Tinnitus, mas a sua maior qualidade é a fotografia de Rui Poças.

Estranhamente, o longa não consegue reproduzir o som que incomoda tanto a protagonista Marina (Joana de Verona), a ponto de ela abandonar sua ascendente trilha como atleta de saltos ornamentais. É uma questão crucial, que a produção do filme devia ter priorizado. Mas, os efeitos sonoros não são suficientes para mostrar ao espectador como é esse zumbido. Em outros momentos, os sons funcionam. Por exemplo, ao reproduzir como ouvimos dentro da água, ou quando uma personagem perde a audição quase que por completo. Porém, justamente no que seria mais impactante (e o espectador entra na sala de cinema antecipando que ouvirá um ruído terrível), o filme desaponta.

Há uma tentativa, então, de usar recursos imagéticos para revelar essa angústia de Marina. E, estes vão desde o pesadelo com uma baleia narval e seu chifre ameaçando furar os tímpanos, até a expressão da atriz que sofre com o ruído enlouquecedor. Sintomaticamente, é o visual que se destaca em Tinnitus, por obra do experiente diretor de fotografia Rui Poças. De fato, constatamos logo que os enquadramentos são minuciosamente planejados, principalmente nos saltos ornamentais que vemos ao longo do filme. São vários, mas filmados com variações; ora atrás das atletas, ora de dentro da água, ora sequenciando os movimentos durante a queda etc. A iluminação, da mesma forma, ajuda a contar a narrativa, como no plano com Marina e a mergulhadora que a substituiu, Teresa (Alli Willow), em close-ups, uma iluminada com uma luz vermelho e a outra com uma luz azul, para ressaltar que elas possuem personalidades opostas.

Quanto à história, nada

Porém, as imagens não são suficientes para carregar a história, que não anda. No passado, Marina fazia dupla com sua até então melhor amiga Luisa (Indira Nascimento). Porém, após uma crise de tinnitus e um acidente durante uma competição elas se separam. O filme não explica o motivo, mas a amizade se rompe. Quatro anos depois, Luisa está novamente representando o Brasil em competições internacionais, agora em uma nova dupla, com Teresa. Enquanto isso, Marina trabalha num aquário, atuando como uma sereia. Seu marido, Dr. Santos (André Guerreiro), é também o médico que trata seus ouvidos.

A trama desperdiça, inclusive, o ponto de chegada que um filme de esporte costuma ter. Há uma competição final que acontece no Japão, mas isso não é mencionado durante o filme como se fosse o objetivo das atletas, o que poderia representar um ticking clock que faz tanta falta para essa história. Ademais, faria convergir todos os elementos japoneses que aparecem durante a narrativa (o personagem zen interpretado por Antonio Pitanga, o bairro da Liberdade, a música no evento do hospital etc.). Sem isso, tudo parece jogado a esmo.  

Personagens indecifráveis

Além disso, os personagens são indecifráveis. O enredo não justifica o motivo de Teresa se aproximar do Dr. Santos e de Marina, levando esta de volta ao ambiente do esporte, contrariando as vontades de sua parceira Luisa. Nem explica se Teresa manipulou a substituição de Luisa por Marina. Pior ainda, não sabemos por que Teresa também fica com o tinnitus, abandonando então o filme.

Para piorar, boa parte dos diálogos está inaudível. De qualquer forma, as falas são mal escritas. Por exemplo, quando Luisa diz à médica que Marina não é sua amiga, e a doutora comenta: “Não quebrem nada.”

Em suma, Tinnitus possui uma bela ambientação (pela fotografia e parte dos efeitos sonoros), mas uma narrativa que nunca engrena.

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Ficha técnica:  

Tinnitus | 2022 | Brasil | 105 min | Direção: Gregorio Graziosi | Roteiro: Marco Dutra, Gregorio Graziosi, Andres Vera | Elenco: Joana de Verona, Indira Nascimento, Alli Willow, André Guerreiro, Antonio Pitanga, Jessica Messali, Thaia Perez, Mawusi Tulani.

Distribuição: Imovision.

Onde assistir:
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