Pesquisar
Close this search box.
To Leslie (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

To Leslie | Por Sérgio Alpendre

Avaliação:
5/10

5/10

Crítica | Ficha técnica

Em To Leslie, longa ainda sem data para estrear no Brasil, temos uma mãe solteira constantemente perdida entre os abusos alcoólicos e a impossibilidade de se ajustar à vida em sociedade. Uma coisa, obviamente, depende da outra, mas ninguém parece interessado em saber qual é a causa e qual é a consequência, assumindo logo que a compulsão para o álcool é que a impede de seguir uma vida normal e não a impossibilidade de lidar com as coisas dessa tal de “vida normal” que a leva para o álcool.

Nós a acompanhamos num segundo momento, após parte do que ela fez no passado aparecer nos créditos em fotos. Sabemos que aprontou um bocado com todos ao redor, que ganhou um bom dinheiro na loteria e torrou tudo em bebidas e drogas. Ninguém a trata como um ser humano, ninguém pergunta o que falta a ela, o que se pode fazer por ela. Só esperam que se adeque às coisas, que se comporte, que pare de beber.

Indicação ao Oscar

A atuação de Andrea Riseborough é boa. Ela merece a indicação ao Oscar de melhor atriz, caso seja essa a baliza contemporânea para boa atuação (não creio que seja). Mas sua Leslie por vezes exagera nas caretas, como uma junkie de filme universitário. Ela vive no Texas, numa cidade cheia de trogloditas, mas parece não ter muita consciência disso. Por vezes até os assusta tomando a dianteira no jogo de sedução. Esses exageros, contudo, devem ter ajudado na indicação. Temos cenas prontas para o clipe da cerimônia.

Marc Maron é Sweeney, o gerente de motel que a abriga e tenta a consertar, seja lá o que isso for. É uma espécie de exceção, um homem de boa índole nesse lugar tão horrível. Assim como Royal, o dono do motel, Sweeney parece ter alguma sensibilidade. Em certo momento, contudo, sua incapacidade de ajudar fica gritante. É quando leva uma fita VHS para Leslie, a mesma que vemos no início, com a reportagem do dia da vitória na loteria: uma série de possibilidades que se abria, abortadas por decisões equivocadas da vencedora. Óbvio que não faria bem para ela ver de novo essa reportagem.

A direção de Michael Morris

Por falar em obviedade, a direção de Michael Morris é notória nesse quesito. Câmera solta, angulações diversas, sem pensar muito na sucessão de imagens, elipses que provocam desinteresse ao invés de suscitar curiosidade. Parece que o pensamento por trás da direção foi: para filmar uma personagem em um péssimo momento, câmera, decupagem, tempos narrativos, precisa ser tudo sujo, com enquadramentos e cortes tão desajeitados quanto a protagonista.

To Leslie ainda paga o tributo da contemporaneidade e mostra a protagonista vomitando. Claro, está sempre passando mal de tanto beber. Neste filme é até compreensível. Mas é também a coroação de um arremedo de fórmulas prontas que o filme segue quase cegamente.

Texto escrito pelo crítico e professor de cinema Sérgio Alpendre, especialmente para o Leitura Fílmica.

___________________________________________

Ficha técnica:

To Leslie | 2022 | 119 min | EUA | Direção: Michael Morris | Roteiro: Ryan Binaco | Elenco: Andrea Riseborough, Drew Youngblood, Tom Virtue, Lauren Letherer, Sewell Whitney, Pramode Kumar, Allison Janney, Owen Teague.

Onde assistir:
To Leslie (filme)
To Leslie (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo