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Christine: O Carro Assassino
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Christine: O Carro Assassino

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

A missão era difícil: levar para as telas o livro de Stephen King sobre um carro possuído pelo mal. Aliás, o próprio King viria a fracassar, três anos depois, ao assumir a direção em Comboio do Terror, outra obra sua com tema semelhante. Porém, em Christine: O Carro Assassino, John Carpenter acerta no tom, ao apostar no suspense e terror leve, sem as imagens gore que fizeram sucesso no seu filme anterior, O Enigma de Outro Mundo.

O enredo

A ação acontece em um ambiente juvenil, aproveitando a onda de filmes semelhantes, tanto dramas quanto comédias e, claro, terror. Junte carros com juventude, e temos uma fórmula de sucesso. Adicionalmente, Christine: O Carro Assassino traz o tema comum do adolescente que sofre bullying na escola. É o caso do protagonista Arnie, de 17 anos, que pelo menos tem a proteção do amigo de infância Dennis, o típico rapaz forte e bonito, jogador no time de futebol da escola. Mas ele não é suficiente para blindar Arnie. Na verdade, quem assume essa responsabilidade é Christine, que não é uma garota, mas um carro Plymouth Fury vermelho vintage, construído em 1957.

Arnie se apaixona por Christine logo que a vê, semidestruída perto de uma velha casa. Resolve comprá-la e restaurá-la sozinho, já que ele se interessa por mecânica. Como resultado, todo seu esforço será retribuído pela máquina, que o amará de volta, mas cobrando um preço altíssimo. Logo, Arnie fica possuído pelos poderes de Christine, se torna mais confiante, enfrenta aqueles que fizeram bullying com ele e até conquista a garota mais bonita da escola. Porém, Christine não tem limites para seus ciúmes e sua sede de vingança.

Análise

Christine: O Carro Assassino possui várias sacadas geniais. O veículo não consegue falar, afinal, não estamos diante do Herbie, de Se Meu Fusca Falasse. Então, Christine se comunica através das letras das músicas de seu rádio, que só toca canções da época em que foi construída. Por exemplo, quando tentam arrombar sua porta, ouvimos “You Keep On Knocking”, cuja refrão se completa com a frase “But You Can’t Come In”. Ou seja, “Você fica batendo, mas não pode entrar”. O uso do rock dos anos 1950 fica tão marcante que inspira até uma ótima piada na conclusão do filme.

As mortes provocadas pelo carro assassino não são gráficas, John Carpenter evita mostrar pernas e outros órgãos sendo dilacerados ou sangue jorrando a rodo. Elas ficam na imaginação do espectador. A intenção de Carpenter é outra. Não é assustar com imagens horrendas, ele foca no essencial, que consiste em convencer que o veículo possui vida própria. Por isso, funciona tão maravilhosamente a cena em que Christine parte, sem ninguém ao volante, atrás dos caras que maltrataram seu amado Arnie. A imagem do carro em chamas, na estrada à noite, após explodir um posto de gasolina, resume toda essa intenção de forma perfeita, insinuando a sua ligação com o inferno.

O sobrenatural explica o que não cabe na razão. Por isso, aceitamos que, além de ter vida própria, o carro se reconstrói sozinho. E que seu hodômetro retrocede a quilometragem rodada. Essa referência ao além mundo vem da recente bagagem que o público da época guardou quando assistiu a Halloween: A Noite do Terror, lançado em 1978. É desse filme de John Carpenter que ele se lembrará quando ouvir a trilha sonora eletrônica composta pelo próprio diretor, remetendo imediatamente a um clima sombrio.

Elenco

Algumas escolhas de elenco, porém, são questionáveis. Não em relação a Keith Gordon, que consegue passar bem a ideia de nerd, se bem que um pouco exageradamente abobalhado, e depois do rapaz confiante que fica cada vez mais endemoniado com a influência de Christine. John Stockwell também convence como o galã do filme. Porém, a mocinha de Alexandra Paul parece ser bem insossa, e menos atraente até que a loira que os rapazes desdenham, vivida pela belíssima Kelly Preston, que depois viria a se casar com John Travolta. É bem provável que Kelly funcionaria melhor que Alexandra no papel de Leigh, a garota mais linda da escola. Causa estranheza também a escalação do ator William Ostrander como o líder do bullying – ele parece velho demais para estar ainda na escola, apesar de, com 24 anos, ele ter apenas dois anos de diferença com os dois protagonistas.

A direção de John Carpenter em Christine: O Carro Assassino preserva o filme no tempo, principalmente por não investir em efeitos especiais exagerados de terror, que correm o risco de se tornarem ultrapassados. De fato, o filme se valorizou com o passar do tempo, e virou modelo das adaptações de Stephen King que funcionaram no cinema. E o carro se tornou um ícone cultural. Experimente digitar a placa do carro CQB 241 no Google, e ele retornará a Christine do filme –  provavelmente um anúncio da réplica dela em miniatura.


Christine: O Carro Assassino
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