Três Canções Para Benazir apresenta um singelo registro da vida no Afeganistão. O seu recorte foca na falta de alternativas para um jovem que vive num campo de refugiados na capital Cabul.
Shaista é casado com Benzair. Ele tem duas alternativas, trabalhar no campo de papoulas, com seus riscos inerentes, ou se alistar no Exército Nacional Afegão, uma opção incomum para sua comunidade. Contrariando o costume, Shaista resolve se alistar, pois, assim, poderá proporcionar um sustento mais estável para sua esposa e seu filho que está para vir. Porém, isso depende da aprovação de seus familiares, já que estes se tornam responsáveis caso Shaista desapareça após receber suas armas. E, eles não aprovam a opção do jovem.
Assim, impedido de seguir o seu sonho, Shaista se sujeita à outra única possiblidade que tem: a plantação de papoulas e a consequente produção de ópio. A trama se resolve rapidamente, levando a um desfecho não-esperado e muito triste.
A força de Três Canções Para Benazir está no registro documental deste pequeno conto que humaniza e individualiza o drama do povo Afeganistão. Filmado com câmera na mão, o mais próximo possível da realidade, apesar de alguns trechos parecerem encenados. Por exemplo, a conversa com o militar encarregado do alistamento.
Esse curta-metragem parece um anexo do longa documental Flee (2021), de Jonas Poher Rasmussen, realizado como uma animação. Enquanto Flee retrata o destino de quem conseguiu sair do país, Três Canções Para Benazir se concentra naqueles que ficaram. Emblematicamente, os dois filmes concorrem ao Oscar de 2022.
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Ficha técnica:
Três Canções Para Benazir | Three Songs for Benazir | 2021 | Afeganistão | 22 min | Direção: Elizabeth Mirzaei, Gulistan Mirzaei.
Distribuição: Netflix.