O diretor Janus Metz estreou em longa com seu filme anterior, Borg vs McEnroe (2017). Agora, lida com um grande desafio em Um Jantar Entre Espiões (All The Old Knives). Como criar suspense num drama de espionagem que se desenrola durante uma conversa? A ação, de fato, já aconteceu antes, em 2012. Na Suíca, terroristas invadiram um avião, e, numa tentativa fracassada de negociação pela CIA, todos os passageiros morreram junto com os invasores.
Agora, um dos mais altos nomes da CIA, Vick Wallinger (Laurence Fishburne) designa o agente Henry Pelham (Chris Pine), presente naquela missão, a investigar seus colegas da época. Alguém da equipe denunciou o agente infiltrado no avião, e cabe a Henry descobrir quem foi esse traidor. Ele já entrevistou o chefe imediato, Bill Compton (Jonathan Pryce). Agora ele se encontra com a ex-agente Celia Harrison (Thandiwe Newton), que era sua amante na época. E vai questioná-la durante um jantar em Carmel, cidade onde ela vive com o marido e os dois filhos.
Para que o filme inteiro não se concentre apenas na conversa entre Henry e Celia nesse jantar, Janus Metz insere vários flashbacks. Há alguns de eventos recentes, como o encontro de Henry com Bill, mas a maioria remete ao dia do resgate, além de outros um pouco antes dessa data. Às vezes, demora um pouco para descobrirmos em que posição na linha do tempo acontece a cena que assistimos, pois não há nenhum recurso para distinguí-las, exceto o cabelo dos protagonistas.
Um bom vinho, um bom livro, já o filme…
As peças vão se encaixando vagarosamente, o que dá ao filme um ritmo lento. Imagens do pesadelo de Celia no qual ela se imagina como uma das reféns dentro do avião só atrapalham esse andamento, e ainda confundem o espectador. A trama procura enuviar a elucidação do culpado, mas é evidente que não é nenhum dos demais personagens secundários, também funcionários da agência, pois eles aparecem muito pouco no filme. A tensão só começa quando a investigação se afunila a três personagens: Bill, Celia e Henry. E, ficar realmente interessante só nos últimos momentos, quando descobrimos que tanto Celia como Henry sabem quem é o traidor, mas eles não sabem disso a respeito um do outro.
Talvez a revelação surpreenda o espectador, ou talvez não. No pior caso, ele já se entediou antes e, se não desistiu do filme, vê o final apenas para saber a solução. Mas, o que não dá para negar é que o enredo faz bem em justificar o motivo que levou o culpado a trair o seu país. E isso aconteceu porque a CIA resolveu entregar um informante, à revelia do membro da equipe que havia garantido a este que ele e sua família estariam em segurança.
Um Jantar Entre Espiões, assim, é mais um exemplo de que um bom livro que não rende um bom filme. Mesmo que seja adaptado pelo próprio autor, como é o caso de Olen Stenihauer, que escreveu o roteiro deste longa.
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Ficha técnica:
Um Jantar Entre Espiões | All The Old Knives | 2022 | EUA | 101 min | Direção: Janus Metz | Roteiro: Olen Steinhauer | Elenco: Chris Pine, Thandiwe Newton, Laurence Fishburne, Jonathan Pryce, Ahd, Jonjo O’Neill, Orli Shuka, Abdul Alshareef, David Dawson, David Bedella, Oscar Coleman, Cali Gayle, Gala Gordon, Karina Wiedman, Michael Schaeffer.
Distribuição: Prime Video.