Um Lugar Silencioso – Parte II volta a transformar a sala de cinema em um recinto sem nenhum ruído.
A sequência retoma a história da família Abbott a partir do ponto em que parou em Um Lugar Silencioso (2018). Mas, desta vez sem o pai, papel do próprio diretor John Krasinski. O personagem não sobreviveu no primeiro filme, e agora um novo homem adulto toma o seu lugar na trama. Ele é Emmett, velho amigo de Lee que está sozinho após sua família morrer. Quem o interpreta é o intenso Cillian Murphy, cujas características tensas se encaixam perfeitamente nesse tipo de filme.
Mas, antes disso, há um prólogo, que mostra o dia em que esses seres alienígenas chegaram à Terra. Todos os Abbotts ainda estão vivos, e presenciam os primeiros ataques dos monstros na pequena cidade onde vivem. Assim, desde essa introdução, fica evidente que esses predadores aparecerão com muito mais frequência nesse segundo filme. Com isso, Um Lugar Silencioso – Parte II repete o que aconteceu em Aliens: O Resgate (1986), ou seja, injeta mais ação no lugar do suspense. Por isso, recorre aos jump scares, os sustos típicos de filmes de terror, para aterrorizar a plateia.
Pontos fracos
Nota-se, também, que os personagens agora não agem tão acertadamente como no filme original. Antes, a sobrevivência era preservada com atitudes inteligentes, sem heroísmo. Nessa sequência, o garoto Marcus Abbott enerva o público ao sair de seu abrigo sem motivo. Por outro lado, a menina Regan Abbott age heroicamente ao assumir o protagonismo da linha central da trama. Ela pretende salvar várias pessoas substituindo a música que toca intermitentemente numa rádio. Assim, pretende transmitir, aos sobreviventes de várias regiões, o ruído que deixa os alienígenas atordoados. Então, parte com Emmett para a ilha de onde vem a transmissão.
Nesse trajeto, vivem a situação mais fraca da história. No porto de onde pretendem partir de barco para a ilha, encontram pessoas que enlouqueceram por causa da invasão alienígena. Com aparência fantasmagórica e agindo como zumbis, esses personagens levantam várias questões que atrapalham o andamento da narrativa. Na verdade, deveriam ser suprimidos da trama, mantendo apenas o ataque dos alienígenas no porto.
Situações paralelas
No quesito direção, John Krasinski está tão afiado quanto no primeiro filme. Se antes ele provou ter talento para narrar a história visualmente, agora ele vai além. Nessa continuação, ele sincroniza o tom dramático em três situações paralelas: o menino correndo riscos porque saiu do abrigo, sua mãe saindo atrás de medicamentos e oxigênio, e a jornada de Emmett e Regan até a ilha. Depois, a mãe se junta ao filho, e se tornam duas cenas simultâneas. Esse jogo funciona muito bem, e mantém no alto a tensão desses momentos.
Além disso, há outro aspecto essencial em Um Lugar Silencioso – Parte II, que é a conclusão otimista. Afinal, o fato de serem os adolescentes que salvam os adultos nas duas situações paralelas carrega um tom de esperança muito forte. Significa que a humanidade terá continuidade, porque, mesmo que os adultos pereçam, os jovens conseguirão assumir a responsabilidade por sua sobrevivência.
Enfim, ainda que apresente alguns senões que o filme original não tinha, Um Lugar Silencioso – Parte II também é envolvente, e repete a experiência de estar numa sessão de cinema em absoluto silêncio.
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Ficha técnica:
Um Lugar Silencioso – Parte II (A Quiet Place Part II) 2021, EUA, 1h37min. Direção e roteiro: John Krasinski. Elenco: Emily Blunt, Millicent Simmonds, Cillian Murphy, John Krasinski, Noah Jupe, Djimon Hounsou, Okieriete Onaodowan, Scoot McNairy, Zachary Golinger.
Distribuição: Paramount.
Trailer:
Acesse: https://youtu.be/McQb7-K_GbM
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