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Uma Mulher Fantástica (filme)
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Uma Mulher Fantástica

Avaliação:
9/10

9/10

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Crítica | Ficha técnica

Em Uma Mulher Fantástica, Marina Vidal é uma mulher transexual que namora um homem mais velho, Orlando. Durante uma noite, ele passa mal, Marina o leva ao hospital, mas ele morre. A partir de então, a vida de Marina vira um pesadelo. O médico chama a polícia porque desconfia de um crime sexual. Além disso, a ex-mulher de Orlando surge para exigir o carro do falecido e impedir que Marina apareça nas cerimônias fúnebres, para não constranger a família. Por fim, o filho mais velho de Orlando expulsa Marina do apartamento do pai.

Ademais, a investigadora da polícia está convencida de que houve um crime e a trata como suspeita. Marina, por saber que todos esses problemas se originam do preconceito contra sua sexualidade, se revolta e acaba piorando sua situação, mas consegue reunir forças para seguir adiante.

Autenticidade

O filme chileno Uma Mulher Fantástica conta em seu papel principal com a atriz e cantora Daniela Vega, trans na vida real, o que garante a autenticidade de sua interpretação. Com muita garra, até porque ela mesmo deve ter passado por situações semelhantes ao de seu personagem, Daniela emociona sem ser piegas. Aliás, o diretor Sebastián Lelio evita cair no dramalhão novelesco.

Não estamos diante de uma superprodução hollywoodiana com fórmulas prontas. E isso fica evidente quando Marina Vidal encontra uma chave no carro de Orlando e procura descobrir de onde ela é. Descobre que pertence a um guarda-volumes de uma sauna comercial, e se desloca até o local para saber o que pode estar lá dentro – talvez o par de bilhetes aéreos que ele comprara para os dois, talvez algum segredo. O que ela encontra ao abrir a porta do armário é o que a vida real normalmente traz. Ele está vazio. Com isso, o diretor nos afasta de uma final feliz fantasioso.

Fantasia, Marina só encontra quando sonha, quando se imagina dançando em um número musical típico de cinema. Ou quando canta e sua bela voz lírica (da própria Daniela Vega) a leva para um mundo de sonho, onde se vê caminhando curvada contra o vento que a empurra. Afinal, a natureza é uma força que Marina sempre precisou combater, porque é mulher em corpo de homem. Em várias cenas, espelhos mostram a ela o corpo masculino que a natureza lhe deu, mas seu interior é totalmente feminino. Deitada, coloca um espelho redondo que reflete seu rosto no local onde está o seu membro masculino, que desejava tanto que fosse outro. Essa força da natureza, no prólogo, é representada pelas poderosas águas da Foz do Iguaçu, ironicamente o destino da viagem que faria com Orlando.

A direção de Sebastián Lelio

O trabalho de direção de Sebastián Lelio é eficiente, sem ousadias. O que dá formato cinematográfico ao filme são essas escolhas por imagens simbólicas (as cataratas e os espelhos) para expressar o que se passa na cabeça do personagem principal. Aliás, uma solução bem mais interessante que simplesmente uma narração em off.

Uma Mulher Fantástica merecidamente foi indicado ao Oscar de filme estrangeiro. É um dos exemplares mais autênticos da difícil jornada de alguém trancado no corpo errado.


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