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Uma Vida Comum (filme)
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Uma Vida Comum

Avaliação:
9/10

9/10

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Crítica | Ficha técnica

Conheça John May, o fascinante personagem ordinário do filme Uma Vida Comum.

O funcionário do distrito londrino de Kennington, John May, de 44 anos, se empenha na sua função de prover o destino final para aqueles que morrem sozinhos, aparentemente sem família ou amigos próximos. Nesse sentido, ele sempre se esforça para investigar se realmente o falecido não tinha mesmo um parente ou amigo. Só depois ele marca um funeral e o enterro ou cremação. Invariavelmente, ele é o único presente nesses eventos.

Tanta dedicação, porém, acarreta a sua demissão. Afinal, seu chefe o considera lento demais. Ademais, John May gasta um dinheiro desnecessário com funerais, que não são obrigatórios. Mesmo sendo pego de surpresa pela notícia, ele pede ao chefe que o deixe terminar o seu último caso. E então acompanhamos sua investigação sobre o falecido William Stoke.

Uberto Pasolini

Anteriormente, o diretor de Uma Vida Comum, Uberto Pasolini, conquistou sucesso de bilheteria com a comédia britânica Ou Tudo ou Nada, em 1997, na função de produtor. Mas, na sua filmografia, constam apenas três créditos como diretor, este é o segundo deles. Neste ano, lançou o mais recente deles, Algum Lugar Especial (2020).

E Uma Vida Comum mostra que Uberto Pasolini é um diretor de talento. Antes de tudo, a construção do personagem principal é ricamente visual. De fato, John May fala pouco, apenas o necessário para realizar o seu trabalho da melhor forma possível. Então, para apresentar suas idiossincrasias, Pasolini mostra-o repetindo as mesmas ações em dias diferentes.

Na abertura, o vemos em uma sequência de cerimônias de diversas religiões, que têm somente ele presente. Depois, o acompanhamos, dia após dia, percorrendo a mesma esquina, atravessando a rua no mesmo farol, etc. E nas cenas em seu escritório e em casa, fica evidente que ele é metódico ao extremo, e, também, solitário. Adicionalmente, a fotografia em tons cinzas ou marrons dá a ideia de que John May leva uma vida aborrecida e sem sentido. No entanto, a conclusão do filme desmentirá essas impressões.

Chapliniano

Definitivamente, John May é um personagem delicioso de se assistir. Na verdade, ele é quase chapliniano, por praticar suas ações alheio às reações dos outros. Sua preocupação em sempre contratar cerimônias religiosas para os falecidos, mesmo quando não tenha conseguido encontrar ninguém para comparecer a elas, parece um desperdício de esforço e dinheiro. Porém, na cabeça do protagonista, isso é uma essencial demonstração de respeito.

Por fim, a conclusão do filme reserva uma surpresa inesperada. E encerra num tom emocionante, que prova o quanto os esforços de John May não foram em vão. Em seu último caso, ele consegue reunir muitas pessoas na despedida a William Stoke, que estava fadado a ser enterrado sem nenhuma testemunha. No epílogo com tons fantásticos, todos que receberam essa ajuda de May lhe prestam uma bonita homenagem.

E, por trás dos seus acontecimentos dramáticos, Uma Vida Comum traz um humor sutil, que não provoca gargalhadas, e sim risos empáticos. E existe graça na ausência de maldade em John May. Por exemplo, para demonstrar sua inconformidade por sua demissão, o que ele faz é urinar na roda do carro do chefe. A sutileza do humor é exemplificada também na cena em que o amigo de William Stoke lhe oferece como refeição um prato com atum enlatado e uma fatia de pão de forma. Exatamente o que ele costuma comer todos os dias em casa.

Em suma, Uma Vida Comum descortina a relevância das existências singelas.   


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