Pesquisar
Close this search box.
[seo_header]
[seo_footer]

Uma Vida Oculta

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

Uma Vida Oculta retrata o sacrifício de um homem que decide se manter fiel a suas convicções no nefasto ambiente da ascensão nazista. Essa angústia chega às telas pelas lentes de Terrence Malick, diretor reconhecido pela sua capacidade de captar imagens belíssimas.

Ciente do tema abordado, Malick evita os devaneios imagéticos desconexos que marcaram recentes filmes seus, como Amor Pleno (2012) e De Canção em Canção (2017). A narrativa é linear em Uma Vida Oculta. O filme começa com uma tela preta e uma narração do protagonista, seguida por imagens reais de ações nazistas, em formato letterbox (tela quadrada). Esse prólogo situa no tempo e espaço a estória do filme, que se baseia em fatos. Adicionalmente, serve para contrastar com a fotografia deslumbrante das cenas ficcionais, que se iniciam em 1939, nos campos austríacos.

Austríacos convocados pelos nazistas

Assim, Uma Vida Oculta apresenta um recorte da vida de um dos cidadãos austríacos convocados para integrar o exército nazista e que foram parar na prisão por se negarem a recitar o juramento dos alemães. Uma dessas vítimas é o protagonista Franz Jägerstätter (August Diehl), um fazendeiro casado com Fani (Valerie Pachner) e com quem tem três filhas pequenas.

Antes mesmo da convocação, Franz e sua família enfrentam hostilidades dos habitantes do vilarejo onde moram. Afinal, todos compraram os ideais de Hitler e acreditam que o ditador melhorará a vida deles. E, mesmo quem não concorda com o nazismo, finge que concorda, para evitar problemas. Mas, como Franz não esconde que discorda dos ideais, sofre as consequências.

Quando chega ao exército, Franz vai à prisão por se recusar a prestar o juramento. Lá, soldados carcereiros o humiham, enquanto espera o julgamento sobre sua pena.

O estilo de Terrence Malick

A característica fílmica de Terrence Malick quanto a priorizar a comunicação visual se encaixa com a introspecção do protagonista Franz, que prefere silenciar a verbalizar suas convicções quando questionado. Enquanto os diálogos são acessórios na ilustração de suas crenças, as imagens comunicam o principal. Até mesmo a paisagem natural contribui nesse sentido. Por isso, os belos campos austríacos frequentemente estão cobertos por nuvens pesadas, representando aquele período onde o futuro da humanidade se encontrava perigosamente nebuloso.

Uma Vida Oculta revela um Terrence Malick utilizando seu inegável bom gosto na captura de imagens belíssimas em prol da narrativa. Assim, consegue um resultado acima dos seus filmes mais viajantes.

Então, vale olhar alguns detalhes técnicos. Uma Vida Oculta é o filme mais longo de Terrence Malick, com quase três horas de duração. Filmou com uma câmera digital Red Epic Dragon. O diretor de fotografia Jörg Widmer usou quase que exclusivamente a luz natural para captar as cores autênticas nas cenas, detalhe relevante para uma história baseada em fatos.

Como resultado, este é um dos filmes mais acessíveis desse talentoso diretor. De fato, em Uma Vida Oculta, a estória está acima da fotografia. Assim, consegue assim transmitir a inspiradora mensagem de sermos verdadeiros conoscos, de termos a coragem de não nos trairmos ao preferir o caminho mais seguro. Ou seja, de não sermos hipócritas.


Onde assistir:
Uma Vida Oculta (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo