O curta-metragem brasileiro de animação Umbrella ganhou destaque na mídia por se qualificar para a disputa do Oscar, após passagem por vários festivais.
Do ponto de vista técnico, Umbrella é belíssimo. Nesse quesito, os traços arredondados dos personagens contribuem para expressar suas emoções, e fogem do padrão longilíneo da maioria das produções internacionais. Adicionalmente, inclui uma variação nessa animação na sequência do flashback, onde algumas cenas são compostas por bonecos estáticos.
Evidentemente, há uma clara preocupação de agradar ao público internacional. Por isso, não há diálogos, e os letreiros dos cenários estão todos em inglês. Do mesmo modo, o cenário retrata uma paisagem urbana dos EUA, e não do Brasil. Além disso, o filme trabalha com temas universais.
Afinal, nessa estória inspirada por eventos reais, um menino recentemente deixado em um orfanato se enche de esperanças de rever seu pai ao avistar um guarda-chuva amarelo. Porém, ele pertence a uma mãe e uma menina que entram no orfanato para doar brinquedos. Então, ao tentar se apoderar furtivamente do objeto, ele é confrontado pela menina.
Análise
Por um lado, o curta comunica eficientemente o que se passa na sua narrativa. Assim, na primeira cena o menino está desenhando no vidro embaçado da janela uma figura de um pai e um filho. Dessa forma, já somos informados do que o angustia. E depois, um flashback relata como o pai pobre precisou abandonar o filho no orfanato. Por fim, avançando no tempo até sua velhice, descobrimos que sua esperança de reencontrar o pai nunca se tornou realidade.
Porém, o filme precisa se valer da muleta de inserir desenhos adicionais nos créditos finais para confirmar que aquela menina que cedeu o guarda-chuva acabou se tornando o amor da vida do menino. Aliás, é esse amor que preencheu o vazio da ausência do pai.
Adicionalmente, sente-se a falta de uma conexão mais potente do significado emocional que do guarda-chuva para o menino. De fato, ao levar a narrativa diretamente do momento em que ele recebe o objeto até um salto enorme para sua velhice, o filme cria uma elipse que oculta o efeito que o ato da menina representou para ele. Nesse intuito, uma rápida cena mostrando o menino se confortando com o presente que ganhou resolveria essa ausência e tornaria o filme mais poderoso.
Enfim, apesar desses deslizes, Umbrella merece o destaque como uma belíssima animação nacional.
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Ficha técnica:
Umbrella (2020) Brasil. 8 min. Direção e Roteiro: Helena Hilario, Mario Pece.
Assista ao trailer.
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