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Poster de "Viver Mal"
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Viver Mal

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

O diretor português João Canijo explora a possibilidade do cinema de mostrar as mesmas situações sob perspectivas diferentes. Rashomon potencializado, Viver Mal revisita o mesmo local e o mesmo tempo de seu outro longa de 2023, Mal Viver. Os dois filmes se passam num velho hotel no campo. Mal Viver mostra os relacionamentos conflituosos da família das proprietárias do estabelecimento. Viver Mal se concentra nos relacionamentos também conflituosos dos seus hóspedes.

Por isso, Canijo usa enquadramentos estranhos em Viver Mal. Dessa forma, explora a arquitetura do hotel, enfatizando esse fator presente nas narrativas das proprietárias e dos hóspedes. O que une esses relatos, também, é o amargor que predomina nas relações entre as pessoas, todas ali envolvidas em confrontos. O desafio para escrever e filmar esses dois filmes é imenso. É de uma minuciosa complexidade concatenar todas as situações sem trair a correlação entre as tramas. Ainda mais porque Viver Mal é dividido em três capítulos, cada um dedicado ao ponto de vista de um grupo específico de hóspedes. As imagens reproduzem essa complexidade nos personagens que atravessam a câmera, desfocados no primeiro plano, ou afastados na profundidade de campo.

Diferente de Rashomon, aqui os pontos de vistas não desafiam a verdade. Ou seja, todos os grupos de pessoas testemunham a mesma realidade, mas se concentram na sua própria. Então, o que se vê e o que se ouve em cada situação deve ser exatamente o mesmo em todos os pontos de vista. Nesse jogo, o ponto de vista do protagonista de uma cena, é idêntico ao aparecer, em segundo plano, no ponto de vista de outro personagem. Daí a genialidade destes dois filmes irmãos.

Os três capítulos de Viver Mal

Viver Mal adapta três peças de August Strindberg. No filme, são três grupos de hóspedes no mesmo fim de semana no hotel.

“Brincar com o Fogo” traz um casal em crise. Seus problemas surgem e se resolvem no sexo, dentro e fora do namoro. Um relacionamento tóxico para os dois, que recorrem às drogas e se asfixiam nas redes sociais.

“O Pelicano” envolve outro casal jovem. O marido está mais interessado na sogra, e se dá melhor com ela, que está nessa viagem, do que com a esposa. Mas, no fundo, ele só pensa no dinheiro.

Em “Amor de Mãe”, outra mãe viaja com a filha. Aqui, a mãe desaprova a namorada da filha, que precisa decidir com quem vai ficar.

Nos três relatos, e também nos inter-relacionamentos das proprietárias, assunto do outro filme, as pessoas não se entendem. Vivem mal, portanto, não importa o ponto de vista.

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Ficha técnica:

Viver Mal | 2023 | Direção: João Canijo | Roteiro: João Canijo | Elenco: Nuno Lopes, Filipa Areosa, Leonor Silveira, Rafael Morais, Lia Carvalho, Beatriz Batarda, Carolina Amaral, Leonor Vasconcelos.

Distribuição: Zeta Filmes.

Onde assistir:
Mãe e filha à beira de uma piscina.
Cena de "Viver Mal"
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