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X - A Marca da Morte (filme)
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X – A Marca da Morte | Por Sérgio Alpendre

Avaliação:
5.5/10

5.5/10

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Crítica | Ficha técnica

Leia aqui a crítica do filme X – A Marca da Morte, em texto escrito por Sérgio Alpendre para o Leitura Fílmica.

É curioso que se fala da A24 como a produtora cujos filmes primam por uma qualidade rara no cinema americano contemporâneo. Seria uma espécie de produtora-autora, se seguirmos as regras geralmente imprecisas da autoria cinematográfica (como pode uma autoria assim?), algo equivalente, até no nome, ao que a gravadora inglesa 4AD representou nos anos 1980, com bandas etéreas como Dead Can Dance, Cocteau Twins ou This Mortal Coil em seu catálogo.

Mas, assim como a 4AD logo se diversificou, a A24 também anda abraçando outros gêneros. Em seu catálogo podemos encontrar filmes interessantes como Anos 90 (Jonah Hill, 2018) e Joias Brutas (Ben e Joshua Safdie, 2019) e bombas como Hereditário (Ari Aster, 2018) e O Farol (Robert Eggers, 2019), com predomínio do segundo grupo, e na distribuição a alternância é parecida. Ou seja, pouco que justifique tamanho entusiasmo.

A24 encontra Ti West

Em 2022, temos o esperado encontro de Ti West, diretor amado por uma parcela dos cinéfilos fãs de horror, com a produtora. O filme da letra única, X (aqui lançado como “X – A Marca da Morte”), de fácil tradução onde quer que passe, tem despertado resenhas entusiasmadas de cinéfilos e críticos pelo mundo, embora algumas linhas se assemelhem às defesas do infame autorismo vulgar, caído em desuso, ao que parece, pelo ridículo de sua proposta.

A carreira pregressa de West não anima: do exercício em clichês de A Casa do Diabo (2009) e Hotel da Morte (2011), cujo único mérito é conceitual, fazer de um hotel ensolarado um local assombrado, passando pela experiência malograda com a estética do found footage em O Último Sacramento (2013) e chegando ao estiloso, mas no fundo medíocre, faroeste Terra Violenta (2016), em que trabalhou com atores como Ethan Hawke e John Travolta, tudo nos levava a crer que o encontro da produtora-autora de araque com um autor de araque teria gerado um monstrinho interessante (de tanto ciscar, West sempre acha alguma coisa em seus filmes, afinal), mas limitado.

Marcas da morte

X – A Marca da Morte já começa com planos copiados do clássico O Massacre da Serra Elétrica (Tobe Hooper, 1974), o que mostra um acerto na referência, mas uma pobreza de ideias visuais (se é para homenagear algum filme clássico, que se faça direito). Estamos no Texas, como no filme de Hooper, acompanhando uma pequena equipe de filmes de sexo explícito. O ano é 1979, embora a equipe passe por lugares que parecem estar ainda nos anos 1950.

As citações se acumulam. O Zodíaco de 1971, o primeiro e outros longas da série Sexta-Feira 13 (iniciada justamente em 1979, com o primeiro longa sendo lançado em 1980), Eaten Alive (Tobe Hooper, 1977), além de outros slashers, subgênero do terror que X procura homenagear sem muita imaginação, para o público se deliciar enquanto identifica ou tenta adivinhar de que filme vem cada referência.

1979 é importante ainda porque o home vídeo, cuja comercialização iniciara em 1977, começava a penetrar em todas as casas de classe média nos EUA, renovando também a indústria do sexo explícito.

A direção

Ti West brinca com os formatos de tela, inicialmente sem o menor critério, com a imagem se expandindo no plano inicial para ilustrar que falará de um recorte da América profunda, depois como forma de nos dar a entender o filme dentro do filme. As associações feitas na montagem paralela, como por exemplo a que mostra a protagonista na casa com a velha senhora em alternância com o filme pornô que está sendo feito, geralmente são pobres, embora dentro dos planos seja possível encontrar algumas coisas interessantes no uso de reflexos e sombras. Também, se um diretor quer realizar filmes de horror e não souber trabalhar minimamente com reflexos e sombras, melhor procurar outra profissão.

O filme evolui de modo cada vez mais previsível. O desfecho chega a lembrar o de Hotel da Morte, do próprio diretor, e as cenas de assassinato não impressionam como nos bons slashers. Seria tolo acusar Ti West de etarismo, mas fazia tempo que o horror que pode existir no envelhecimento dos corpos não era tão mal usado como neste filme. Podemos reter alguns planos bem pensados. West, como dito anteriormente, ao menos se arrisca numas composições menos óbvias. Mas são alguns planos no meio de muita obviedade.

Esperava pouco de X – A Marca da Morte, e o filme quase não entrega esse pouco. Essa esperança autoral para o cinema americano que é a tão celebrada A24, por este e outros filmes, é uma gigantesca furada.

Texto escrito pelo crítico e professor de cinema Sérgio Alpendre, especialmente para o Leitura Fílmica.


X (filme)
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