32 de Agosto na Terra é a estreia na direção de longa-metragem do hoje celebrado Denis Villeneuve. Ele é o diretor de Sicario: Terra de Ninguém (2015), A Chegada (2016) e Blade Runner 2049 (2017). Bem como do aguardado Duna (2021).
Jornada existencialista no deserto dos EUA
Tal como o alemão Wim Wenders em Paris, Texas (1984), o canadense Villeneuve é outro diretor estrangeiro que coloca seu protagonista numa jornada existencialista no deserto dos EUA. Aqui, a jovem de 26 anos Simone confronta sua mortalidade ao sofrer um acidente automobilístico. Então, resolve ter um filho. E, como não possui um relacionamento amoroso, convida seu melhor amigo Philippe para ser o pai. Porém, ele tem uma namorada. Por isso, aceita com a condição de concebê-lo num deserto. Assim, eles partem de Montreal para Salt Lake City. Mas, nem tudo dá certo na viagem, e, após o retorno, Simone descobre o que realmente importa em sua vida.
O título do filme, com a contagem bizarra das datas, revela o período em que Simone se sente perdida. Assim, a partir do acidente no início, as cartelas na tela indicam essa numeração fora do padrão. Depois, o calendário retoma a normalidade após o momento de epifania da personagem. Por fim, a conclusão sugere um ato inesperado.
Direção autoral
Acima dessa estória, destaca-se em 32 de Agosto na Terra a ânsia de Villeneuve por realizar uma direção autoral. Para começar, as transições de cenas são quase sempre abruptas e barulhentas. Adicionalmente, o diretor escolhe planos inusitados, que carregam uma carga narrativa impressionista. Por exemplo, aqueles filmados bem do alto, mostrando os personagens diminutos caminhando no vasto deserto de sal. Além disso, vemos o uso intenso da profundidade de campo e uma montagem inusitada.
Com tudo isso, 32 de Agosto na Terra transmite um constante clima de estranheza. Aliás, tal qual a sensação que sua protagonista carrega após o acidente. Junte a isso o intenso esforço de Denis Villeneuve de realizar um filme diferenciado, e o resultado acaba sendo exaustivo.
