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A Colina Escarlate (filme)
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A Colina Escarlate

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

O diretor Guillermo Del Toro é um esteta. E isso fica evidente em seus filmes mais pessoais, como nesse A Colina Escarlate (Crimson Peak), e no anterior O Labirinto do Fauno (El Laberinto del Fauno, 2006). Embora Del Toro não tenha decepcionado nas produções sob encomenda, como os dois filmes com o personagem Hellboy (2004 e 2008), o cineasta mexicano alcança uma qualidade superior quando trabalha com maior liberdade.

E a trama de A Colina Escarlate convida ao deslumbre visual, tal como ele aprecia. Para começar, é um filme de época, o que já abre oportunidades para ele trabalhar o gótico. Além disso, possui fantasmas, ou seja, criaturas monstruosas que fazem parte de seu repertório. Mas, acima de tudo, os conflitos mais dramáticos acontecem em uma mansão que fica sobre um subsolo repleto de argila vermelha em estado lodoso. Assim, esse material de cor escarlate inspira as mais assustadoramente belas imagens que remetem a um cenário sangrento.

Uma bela história de amor e fantasmas

Contudo, o visual caprichado não bastaria se a história fosse fraca. Nesse sentido, A Colina Escarlate também se destaca. A primeira parte se passa na cidade de Buffalo, no estado de Nova York, provavelmente no início do século XX.

Edith Cushing (Mia Wasikowska) se encanta pelo baronete (um nobre que fica entre um barão e um cavaleiro) inglês Thomas Sharpe (Tom Hiddleston), que está na cidade em visita junto com sua irmã, Lucille Sharpe (Jessica Chastain). Para tristeza do pai de Edith, o banqueiro Carter Cushing (Jim Beaver), e seu pretendente, o médico Alan McMichael (Charlie Hunnam), Edith inicia um relacionamento com Thomas. Apesar da suspeita de que ele está apenas atrás da fortuna dela, os dois se casam e se mudam para Cumberland, na Inglaterra. Mas, logo Edith perceberá que morar na mansão decadente na Colina Escarlate, com Tom e Lucille, será uma tortura.  

O filme acerta ao construir vilões (Tom e Lucille) visivelmente superiores à mocinha Edith. Grande parte disso vem da atuação de Jessica Chastain, muito superior à fraca Mia Wasikowska. Além disso, Tom Hiddleston surpreende nesse papel que exige charme irresistível para ele seduzir as mulheres. O relacionamento incestuoso entre os irmãos convence como origem da doentia violência com que eles, tendo Lucille como a principal articuladora, eliminam suas vítimas para conseguir o que desejam, ou seja, manter o amor carnal proibido e se livrar da falência.

Um deslumbre de horror

A mansão dos Sharpe surpreende. Como Del Toro conseguiu criar em sua imaginação um cenário tão horripilante? Parece uma evolução muito alucinada dos castelos góticos dos filmes de terror da Hammer, misturado com H. R. Giger (em especial, o corredor). A argila vermelha derretida se espalha por todo lado, transformando tudo em um universo sangrento. Aliás, reparem como a banheira, nos tons verdes característicos dos filmes de Del Toro, se assemelha ao cenário correspondente em A Forma da Água (The Shape of Water, 2017).

Mas, além do visual, o que mais se sobressai são as aparições realmente assustadoras dos fantasmas. Primeiro, o da falecida mãe de Edith, quando esta ainda era criança. Depois, os demais na mansão. Coube a Del Toro materializar imageticamente esses seres com características aterrorizantes, o que quase nenhum outro filme atual consegue. O impacto lembra o de Poltergeist: O Fenômeno (Poltergeist, 1982), na época de seu lançamento.

Pena que, por conta do enredo, os fantasmas não representem uma ameaça para Edith, caso contrário, A Colina Escarlate seria uma experiência muito mais assustadora. Acontece que a trama estabelece que os fantasmas da mansão são das vítimas de Tom e Lucille e eles querem que esses vilões paguem pelo que fizeram. Já o fantasma da mãe de Edith quer alertá-la sobre o perigo que existe nesse lugar. Na verdade, esse é um ponto que não se encaixa, pois como esse fantasma saberia, quando Edith ainda era uma criança, que ela cruzaria com esses malfeitores no futuro?

Enfim, independente disso, A Colina Escarlate mantém o clima de terror e suspense muito forte durante toda a sua duração. É uma bela e assustadora história de amor e fantasmas, um degrau a mais para Del Toro se consagrar no seguinte filme, A Forma da Água.


A Colina Escarlate (filme)
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