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A Forma da Água (filme)
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A Forma da Água

Avaliação:
9/10

9/10

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Crítica | Ficha técnica

A Forma da Água é o E.T. – O Extraterrestre (1982) para adultos. Talvez os produtores tenham até usado essa comparação para vender esse projeto durante seu pitching. Afinal, as estórias dos dois filmes se assemelham muito, a estrutura do roteiro também, e ambos foram dirigidos por diretores talentosos em momentos soberbos de suas carreiras. Spielberg cimentou seu nome entre os mestres do cinema com sua obra. E Guillermo Del Toro conquista a mesma reputação com esse seu novo filme.

A trama

Na estória, Elisa é uma moça muda, que trabalha como faxineira em uma empresa de ciências. Então, chega um ser trazido da Floresta Amazônica, uma mistura de humano com peixe, que anda sobre dois pés, tem escamas, mãos e pés de anfíbios e não fala. Porém, ele demonstra inteligência e capacidade de se comunicar. Essa habilidade se torna mais fácil com Elisa, pelo uso de libras, a linguagem dos surdos e mudos. Logo, os dois seres mudos se tornam amigos. Mas, como todo bom filme, A Forma da Água tem um vilão. E ele é Richard (Michael Shannon), o responsável pelo laboratório, que quer usar o espécime para estudar seus órgãos. Por isso, com a ajuda dos amigos, Elisa liberta o monstro e o leva para sua casa. Então, uma relação de amor, e sexo, se desenvolve.

Direção

Essa aventura romântica, criada pelo próprio Guillermo Del Toro, é filmada com maestria pelo diretor, um confesso fanático pelo universo gótico e fantástico. Para começar, criou uma personagem singular, Elisa, com características fortes que não se limitam apenas a sua privação da fala. Aliás, a sua apresentação, no início do filme, chega às telas por meio de uma montagem de cenas curtas que mostram seu cotidiano simplório em companhia do vizinho igualmente solitário e da colega de trabalho. A música e as cores fortes ao redor da protagonista feminina trazem à lembrança O Fabuloso Destino de Amélie Poulan (2001), que também introduzia um universo exótico.

Del Toro cria um elemento adicional de aproximação do espectador em relação a Elisa, ao colocar legendas nas suas falas em libras. E Sally Hawkins se encaixa perfeitamente na figura da personagem, não distante da impressão que seu porte físico e sua expressão naturalmente imprimem.

Água

De imediato, o filme destaca sua fotografia e sua direção de arte, com o uso intenso da cor verde, em suas variadas tonalidades. Desde as paredes, passando pelas roupas e até por um prato de gelatina, há muito verde na tela, como se supõe ser a água e o ambiente onde morava o monstro, originário das florestas da Amazônia. É como se essa água estivesse em todo lugar, envolvendo tudo e a todos, conclusão a que o espectador chega, antes mesmo da desnecessária confirmação do narrador no final do filme.

O diretor demonstra talento especial em vários trechos de A Forma da Água. O vilão acaba atraído sexualmente por Elisa. Por isso, quando chega em casa, transa com a esposa imaginando estar com Elisa, por isso pede que a mulher fique quieta, cena que recebe um corte seco até a imagem de Elisa em seu apartamento.

Lirismo

Del Toro arrisca uma sequência em preto e branco, parodiando o gênero musical onde Elisa dança com o monstro enquanto canta “You’ll Never Know”, clássico de Alice Faye que já foi antes homenageado por Martin Scorsese no prólogo de Alice Não Mora Mais Aqui (1974), e que Elisa e seu vizinho assistiram antes na TV.

Contudo, a imagem mais bela, repleta de lirismo, é aquela em que Elisa está no ônibus. Na janela, duas gotas de chuva se movimentam, dançam e, finalmente, se encontram, uma poética analogia do encontro de Elisa com o ser amazônico.

A Forma da Água passa uma mensagem conta o preconceito, por trás do relacionamento dos dois personagens, Elisa e o monstro, ambos discriminados por serem diferentes. Essa perspectiva se confirma quando o filme mostra o desprezo que o vilão demonstra em relação às faxineiras, e na maneira como vizinho Giles (Richard Jenkins) sofre com sua homossexualidade.

A Forma da Água, apesar de ser o filme mais comercial de Guillermo del Toro, principalmente pelo seu roteiro aventuresco, exalta o seu talento como diretor, já demonstrado em suas obras anteriores, e agora expandido para o grande público.

Não à toa, o filme concorre a 13 Oscars,  e deve levar os prêmios na categoria de diretor, fotografia, e desenho de produção.


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