Mark Cousins volta a discutir o cinema. A História do Cinema: Uma Nova Geração (The Story of Film: A New Generation, 2021) é como um novo capítulo de sua série A História do Cinema: Uma Odisseia (The Story of Film: An Odyssey, 2011). Desta vez, ele expande seus estudos para a produção deste século, ou do novo milênio, como Cousins chama esse período.
O que chama a atenção nas divagações do realizador são suas conexões entre filmes, muitas vezes comparando-os e agrupando-os de uma maneira que nos surpreende. Assim, A História do Cinema: Uma Nova Geração abre relacionando Coringa (Joker, 2019) com Frozen: Uma Aventura Congelante (Frozen, 2013). Mostra, em paralelo, os dois protagonistas dessas histórias em momentos musicais, enquanto comenta os pontos em comum entre eles. E, fecha esse início com imagens reais de pessoas visitando a escadaria em que Joaquin Phoenix faz sua dança, agora um ponto turístico no Bronx.
Quebra de expectativas
Em seguida, Cousins preenche a primeira parte do longa destacando os filmes deste século que quebraram as expectativas. E, realiza isso agrupando por gêneros: ação, musicais, terror, documentários, sempre ilustrando com trechos das produções selecionadas acompanhados de sua narração. Introduz, também, uma lista com filmes que colocam o corpo em evidência.
Além disso, entra na questão do slow cinema. Para isso, parte do efeito hipnotizante de um trecho do brasileiro Limite (1931), de Mario Peixoto. Então, chega à lentidão estrutural de Certas Mulheres (Certain Women, 2016), de Kelly Reichardt. Ademais, em relação aos documentários, Cousin menciona os conceitos dos filmes observacionais e dos filmes-ensaio. Antes de finalizar essa primeira e mais longa parte do filme, Cousins ainda aborda os filmes surreais contemporâneos – entre eles, Attenberg (2010), de Athina Rachel Tsangari.
A segunda parte de A História do Cinema: Uma Nova Geração discute os efeitos da tecnologia no cinema, desde a captação de imagens até a distribuição. Logo depois, debruça sobre uma análise a respeito de como os filmes enxergam como somos hoje. Assim, revela uma longa lista de produções corajosas que ousam jogar na cara do espectador um autorretrato muitas vezes negado ou inconsciente.
Enfim, é sem dúvida, mais um olhar abrangente e transnacional do professor Mark Cousins que merece a atenção de cinéfilos e estudiosos do cinema.
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Ficha técnica:
A História do Cinema: Uma Nova Geração | The Story of Film: A New Generation | 2021 | Reino Unido | 160 min | Direção e roteiro: Mark Cousins.
Gostou? Então, anote: A História do Olhar está na seleção do 27º É Tudo Verdade, que acontece entre 31 de março a 10 de abril de 2022.