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A Mulher Rei (filme)
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A Mulher Rei

Avaliação:
7.5/10

7.5/10

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Crítica | Ficha técnica

A Mulher Rei (The Woman King) indica que Hollywood amadureceu em relação ao feminino e ao negro. O filme vai além das bandeiras levantadas em Pantera Negra (Black Panther, 2018), que eram válidas, mas que soavam forçadas. Desta vez, a trama em si naturalmente pede pelas bandeiras. Dirigido pela cineasta negra Gina Prince-Bythewood, mas escrito pela roteirista Dana Stevens e pela atriz Maria Bello (ambas brancas), o longa se baseia em eventos reais que aconteceram no século 19. A história se passa inteiramente na África, onde um batalhão de guerreiras, as Agojies, do Reino de Daomé, enfrentou um poderoso inimigo local que sequestrava as pessoas para vender como escravos aos brancos.

As Agojies

A líder das Agojies é a General Nanisca (Viola Davis), mas a narrativa é esperta o suficiente para se movimentar pela perspectiva da jovem de 19 anos Nawi (Thuso Mbedu). Quando ela se recusa a se casar com um desconhecido em troca de um dote, o pai dela a entrega como presente ao Rei Ghezo (John Boyega). Assim, ela entra como aprendiz no exército Agojie, junto com outras garotas largadas pela família e prisioneiras capturadas. O árduo treinamento se desenvolve ao lado de belas coreografias em grupo acompanhadas de música tribal, num processo de valorização da cultura dos africanos pelo filme. Enquanto isso, conhecemos também os personagens secundários, a maioria membros do batalhão, mas também um comerciante de escravos português e um mestiço nascido no Brasil. Este rapaz, Malik (Jordan Bolger), é filho de uma mãe da tribo Daomé com um branco e se envolve com Nawi.

Mas Viola Davis não está no filme apenas emprestando o seu nome. O protagonismo de sua Nanisca cresce na força de sua liderança e, também, no aprofundamento de seu personagem. Durante o desenvolvimento da trama, vemos flashbacks de seu passado. Um deles é uma lembrança traumática, quando ela se tornou prisioneira dos inimigos e foi constantemente estuprada. A sua vocação guerreira permitiu que ela transforme isso em sua força, mas sua superação definitiva virá somente ao enfrentar o chefe dos algozes.

Muita ação e muitos diálogos

Embora envolva todos esses dramas, A Mulher Rei se sobressai mesmo como um filme de ação. Além dos treinamentos e da provação final das jovens aspirantes a guerreiras, o filme traz vários combates. O primeiro deles desanima, pois vai na onda do que o cinema atual produz de praxe. Ou seja, com grande quantidade de planos curtos e golpes rápidos demais, resultando em cenas difíceis de acompanhar. Felizmente, há cenas de ação mais bem filmadas no filme. A melhor delas encontramos na sequência em que o Reino de Daomé se defende de um ataque, contra-atacando os inimigos. Nesse trecho, as lutas revelam mais coreografia do que truques de edição, principalmente quando envolvem as guerreiras mais jovens. E isso levanta uma suspeita comprovada no embate final: Viola Davis não esteve à altura de suas colegas nas cenas de ação.

Por outro lado, o filme peca por tentar explicar demais através dos diálogos. De início, obriga o espectador a prestar muita atenção no que os personagens falam, para não perder alguma informação importante. Mas, a partir do momento em que uma fala revela o segredo sobre a origem de Nawi, e depois isso surge em imagens muito mais contundentes, constatamos que a diretora errou ao ser redundante. Aliás, nessa questão de Nawi, a revelação expressa até diminui o impacto da cena posterior. E, a bem da verdade, esse segredo soa forçado, e se justifica só pela forma como sua veracidade é comprovada (que é bem original).

African-American women

Enfim, pode não ser o filme de ação avassalador que poderia ser, mas A Mulher Rei consegue emocionar. E, acima de tudo, valoriza a cultura do povo africano, tão caro para toda a América. Vai ao encontro da defesa da bandeira “African-American” e argumenta a favor do porquê desse termo. De quebra, ainda conta com incontestável protagonismo feminino. Por isso, um entretenimento vital para nossos tempos.


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