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A Rota Selvagem (filme)
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A Rota Selvagem

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

A Rota Selvagem integra a Perspectiva Internacional da 42ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Seu diretor, o inglês Andrew Haigh realizou o elogiado 45 Anos (2015), seu último filme. Aqui, ele adapta o livro escrito por Willy Vlautin. É a jornada de um menino de 16 anos em busca de seu último laço familiar restante no estado de Oregon, EUA.

O ator principal é Charlie Plummer, que viria a interpretar o filho sequestrado de John Paul Getty em Todo o Dinheiro do Mundo (2017). Ele vive aqui Charley, um adolescente de 16 anos, criado pelo pai desde que sua mãe os abandonou quando ainda era pequeno. A relação de companheirismo com o pai se rompe fatalmente quando ele é assassinado pelo marido traído da mulher com quem ele começou um caso.

Testemunha do crime, Charley resolve fugir para não ser levado para os cuidados da assistência social. Então, esconde-se na cocheira do seu atual trabalho temporário, como cuidador do cavalo de corrida chamado Lean On Pete. Sem contar nada para seu chefe Del, papel de um envelhecido Steve Buscemi, o garoto desenvolve uma forte afeição pelo animal.

O desempenho de Lean On Pete nas corridas desaponta, e Del resolve vende-lo como refugo. A fim de salvar seu companheiro, Charley foge com ele. Juntos, o garoto e o cavalo atravessam o deserto e o campo. O objetivo é encontrar a tia do rapaz, seu único elo familiar ainda existente, mas que há anos não vê.

Jornada de amadurecimento

Essa jornada solitária de Charley pelo interior dos Estados Unidos serve para o diretor Andrew Haigh apresentar com mais profundidade o protagonista. Para isso, aproveita as conversas dele com o cavalo. A câmera, desde o início do filme, acompanha sempre o personagem principal, em constante movimento. Seja enquanto pratica a corrida, antes da morte do pai, seja nesse caminho tortuoso até a tia. Tortuoso porque ele não enfrenta apenas os desafios da natureza, mas o baque de uma nova perda. Logo, ele fica sozinho, sem o companheiro equestre, tendo que viver como morador de rua por alguns dias.

Dessa forma, a trajetória endurece o rapaz, a ponto de enfrentar um outro morador de rua que tentar roubar seu dinheiro. Ademais, por se manter sempre em movimento, ele evita sentir a tristeza que se encontra enrustida dentro de si. No início, pelo abandono da mãe. Depois, pela morte do pai e pela perda do cavalo, companheiro que tomou como substituto da ausência paterna. Charley segura sua dor até que reencontra sua tia, que o acolhe com carinho. Enfim, esse gesto desata o nó que represava suas lágrimas, que então jorram copiosamente.

Epílogo

Aliás, a cena final do filme resgata o epílogo de Os Incompreendidos (1959), de François Truffaut. Em ambos, o protagonista adolescente está correndo, até parar e olhar para trás. A diferença é que Jean-Pierre Léaud olhava então diretamente para a câmera e aqui Charlie Plummer olha para os lados e para baixo. No entanto, os dois possuem ainda uma vida inteira pela frente. E vão encará-la após a experiência vivida na estória que acabou de ser contada.

Em suma, A Rota Selvagem é um pequeno filme que captura com sensibilidade as experiências formativas de um adolescente às margens do conforto de uma vida tradicionalmente certinha. Com isso, revela quão perto podemos ficar de um destino miserável.


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