A Teoria dos Vidros Quebrados (La Teoría de los Vidrios Rotos) é o filme que o Uruguai indicou para concorrer ao Oscar deste ano. Repleto de situações e personagens farsescos, essa chanchada satiriza os filmes de mistério. Coloca, no lugar de um detetive, um inspetor de seguros.
O recém-promovido Claudio Tapia (Martín Slipak) investiga uma série de carros incendiados em uma pequena cidade do interior. Mas há uma diferença em relação aos tradicionais whodunits, pois o espectador sabe quem são os culpados (pelo menos alguns deles). O prólogo mostra três meninos de bicicleta colocando um galão de gasolina em cima de um carro e ateando fogo. Então, descartado o exercício de dedução para desvendar o crime, resta ainda o mistério de descobrir o motivo. Este se esclarece com a tal Teoria dos Vidros Quebrados, quase literalmente.
O diretor do filme, Diego “Parker” Fernández, se baseou no experimento de psicologia social conhecido como Teoria dos Vidros Quebrados, que demonstrou que uma vez iniciada uma ação de violência, como quebrar o vidro de um carro, é desencadeado um processo interno nos indivíduos que os leva a vandalizarem o objeto em questão até a sua destruição. Ademais, ele se inspirou em eventos ocorridos em 2010, quando mais de 20 carros foram incendiados na cidade de Melo por adolescentes que queriam apenas se divertir.
Porém, o filme não elucida em quais condições a empresa de seguros se obriga a indenizar os clientes que sofreram perdas com seu veículo queimado. Que, aliás, é uma informação essencial, pois é por isso que faz o chefe de Tapia mantê-lo no local. Tudo ficam meio solto, com uma grande variedade de personagens pitorescos que não contribuem para a narrativa, e estão lá apenas para faze graça (por exemplo, os “Los Gordos”).
Esquetes
Com isso, o filme se aproxima dos programas humorísticos com esquetes, ou seja, situações que se repetem para fazer rir (como o pesadelo com fogo ao fundo e o rosto de um personagem ameaçando o protagonista). Já o humor mais sofisticado, ou cinematográfico, aparece pouco – por exemplo, os meninos no fundo do quadro comprando um galão de gasolina enquanto no primeiro plano Tapia pergunta ao frentista se viu algo estranho nos últimos dias.
O humor mais engraçado em A Teoria dos Vidros Quebrados encontramos nas recorrentes intervenções musicais. As letras das canções fazem referência às situações da trama, geralmente provocando o protagonista. Mas, no geral, o filme é apenas simpático.
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Ficha técnica:
A Teoria dos Vidros Quebrados | La Teoría de los Vidrios Rotos | 2021 | 80 min | Uruguai, Argentina, Brasil | Direção: Diego “Parker” Fernández | Roteiro: Diego “Parker” Fernández, Rodolfo Santullo | Elenco: Martín Slipak, Roberto Birindelli, Lourdes Kauffmann, César Troncoso, Verónica Perrota, Carlos Frasco, Jenny Galvan, Lucio Hernández, Roberto More, Jorge Temponi.
Assista ao trailer aqui.