Pesquisar
Close this search box.
Pleasantville (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

A Vida em Preto e Branco

Avaliação:
8/10

8/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

Como “Vidas em Jogo” e tantos outros filmes, “A Vida em Preto e Branco” também bebe nas fontes da série “Além da Imaginação” ao criar uma trama fantástica com crítica moral e social. Assim, David (Tobey Maguire) e sua irmã Jennifer (Reese Witherspoon) levam uma vida superficial, o garoto viciado no seriado dos anos 50 chamado “Pleasantville”, e a garota só atrás de sexo casual na escola. Ambos ignoram a mãe, e vibram pela oportunidade de ela deixá-los a sós em casa.

Então, um reparador de equipamentos de televisão os transporta para dentro do seriado pelo qual David é fanático. Como era típico da época da produção do seriado, seu enredo enfatizava o moralismo conservador e preconceituoso do padrão norte-americano interiorano, onde as aparências importavam mais que tudo. Pois a presença desses dois intrusos inadvertidamente quebrará o equilíbrio desta sociedade.

O filme utiliza de maneira radical o simbolismo das cores, aqui retratadas em tons extremamente vivos. Já que o seriado dos anos 50 era em preto e branco, as transformações que passarão a ocorrer nesse ambiente padronizado se representarão pelo colorido.

Moralismo

A princípio, a barreira aparenta simplesmente a quebra do moralismo pudico em relação ao sexo, e Jennifer logo começa a derrubá-la com seu ímpeto fogoso, fazendo aparecer algumas cores na cidade. Porém, aos poucos se revela que o idealismo cobre outras camadas, como preconceitos sociais, raciais, escolhas sexuais. Em análise mais profunda, o filme defende a liberdade de você ser quem você realmente é.

Os pais dos personagens de David e Jennifer no seriado ilustram esse modo de vida. Dormem em camas separadas. A mãe (Joan Allen, em interpretação magnífica), sempre bem vestida, mesmo dentro de casa, é a dona de casa perfeita. O jantar está sempre pronto às 18 horas, para quando o marido (William H. Macy) chegar do trabalho com a típica frase “Querida, cheguei!”.  O materialismo capitalista aparece nos móveis e eletrodomésticos de última linha e na preocupação em conseguir uma promoção no serviço.

A mãe, contudo, dá voz a suas vontades internas e começa a se abrir para o balconista de lanchonete Bill (Jeff Daniels), que também se descobre como um grande pintor. Ambos começam a ganhar cores. Na cena mais dramática, o mundo ideal vendido pelo seriado obriga David a maquiar sua mãe com tons preto e branco, para que ela não sofra preconceito da sociedade por aparecer em cores. Em contraponto cômico, posteriormente o pai chega em casa e não encontra sua esposa e pergunta, preocupado, “Cadê meu jantar?”.

Metalinguagem

Filmado em cenário construído no Malibu Creek State Park, na Califórnia, “A Vida em Preto e Branco” exercita a metalinguagem – lembrando o enredo de “A Rosa Púrpura do Cairo” (The Purple Rose of Cairo, 1985) de Woody Allen – para criticar com o simbolismo das cores as máscaras que a sociedade impõe às pessoas, que precisam então vencer as barreiras que acabam se auto impondo, para realmente serem quem são. A jornada de David e Jennifer, a fim de conseguirem “se colorir”, ilustra essa luta.

O roteirista Gary Ross, que escreveu “Quero Ser Grande” (Big, 1988), resolveu produzir e estrear como diretor em “A Vida em Preto e Branco”. Apesar do ótimo resultado obtido, viria a dirigir novamente somente “Seabiscuit – Alma de Herói” (Seabiscuit, 2003) e “Jogos Vorazes” (The Hunger Games, 2012).


A Vida em Preto e Branco (filme)
A Vida em Preto e Branco (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo