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Poster do filme "Ainda Somos os Mesmos"
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Ainda Somos os Mesmos

Avaliação:
3,5/10

3,5/10

Crítica | Ficha técnica

Ainda Somos os Mesmos engrossa a lista de filmes sobre a ditadura lançados recentemente, como (2023), de Rafael Conde, Entrelinhas (2023) de Guto Pasko, e O Mensageiro (2023), de Lúcia Murat. Mas, este longa, dirigido e escrito por Paulo Nascimento, é o mais fraco deles.

O filme se baseia num fato que realmente aconteceu. Vários brasileiros, fugindo da perseguição política da ditadura, se mudam para o Chile após a posse do presidente socialista Salvador Allende em 1970. Porém, o golpe de estado dos militares chilenos em 1973 mudou esse cenário, colocando esses exilados novamente em risco. Um grupo deles se refugia na Embaixada da Argentina, que ficou, então, cercada pelo exército.

A trama

A trama acompanha um desses brasileiros, o jovem Gabriel (Lucas Zaffari). Após escapar da morte em uma abordagem militar chilena, ele consegue abrigo na embaixada. O enredo envereda pelos conflitos que surgem dentro do grupo, trazendo alguns personagens peculiares, como Clara (Carol Castro), que enlouqueceu após testemunhar o assassinato do marido, uma mulher grávida que dá à luz lá dentro, e ainda alguns aproveitadores que querem lucrar em meio a essa desgraça. Em paralelo, o pai de Gabriel, interpretado por Edson Celulari, um influente industrial brasileiro, negocia a salvação de seu filho.

São várias as linhas que o roteiro inicia, mas não desenvolve a contento. A começar pela do próprio protagonista, cujo envolvimento na política nunca é esclarecido, deixando a impressão de que ele era apenas um dos vários estudantes que apoiavam organizações da esquerda. O filme parece mais focado em mostrar que ele é uma pessoa boa, preocupada em salvar vidas (por ser estudante de Medicina), do que engajada politicamente. Até mesmo o relacionamento com a namorada, levada pela polícia militar chilena, soa insosso, reduzido a apenas poucas cenas (entre elas, um flashback com horríveis cores esmaecidas), o que prejudica a emoção do reencontro na conclusão.

Sem emoção e confuso

O filme, na verdade, não consegue emocionar em nenhum momento. Desperdiça o drama das mortes que acontecem dentro da embaixada, e ainda é incapaz de criar o suspense na arriscada fuga de Gabriel pelos bueiros. Em alguns trechos, parece até que a montagem se descuidou e deixou de fora alguns planos importantes para explicar o que acontece na cena. Por exemplo, quando Clara começa a brigar com uma outra mulher por causa da tão querida cadeira giratória dela.

Outros aspectos contribuem para a má experiência de se assistir a Ainda Somos os Mesmos. Entre eles, os diálogos fracos que levam a atuações ruins, e a fotografia sem padrão. Mas, o pior é a música que a toda hora recorre a um alto acorde para enfatizar algum momento impactante (em muitos casos, nem tão impactante assim) – um recurso apelativo e que acaba irritando o espectador.

Por fim, antes dos créditos de encerramento, longas cartelas forçam desnecessariamente uma explicação sobre a escolha do título do filme. Além, é claro, do óbvio uso da música de Belchior em nova versão, os entretítulos conectam o evento descrito no filme com a invasão ao Planalto após a eleição de Lula. Fica até estranha a relação: o filme quer dizer que a ameaça à liberdade ainda é a mesma, ou que o povo politicamente engajado da esquerda é que continua sempre alerta? Nesse intuito, seria muito mais cinematográfico, e potente como mensagem, filmar uma conclusão com o personagem Gabriel em algum protesto contra a extrema direita.

Ainda Somos os Mesmos só vale mesmo por trazer esse evento à tona nesses tempos atuais de crescimento da direita mais radical.

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Ficha técnica:

Ainda Somos os Mesmos | 2024 | 90 min. | Brasil, Chile | Direção: Paulo Nascimento | Roteiro: Paulo Nascimento | Elenco: Edson Celulari, Carol Castro, Lucas Zaffari, Nestor Guzzini, Nicola Siri, Carlos Falero, Rogério Beretta, Alvaro Rosacosta, Evandro Soldatelli, Pedro Garcia, Gabrielle Fleck, Jurema Reis, Juan Tellategui, Néstor Monasterio, Liane Venturella.

Distribuição: Paris Filmes.

Trailer:

Onde assistir:
Cena do filme "Ainda Somos os Mesmos"
Cena do filme "Ainda Somos os Mesmos"
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