Aniquilação é uma produção de orçamento generoso da Netflix. Conta com dois atores da saga Star Wars, Natalie Portman e Oscar Isaac, e na direção e roteiro está Alex Garland, responsável pelo instigante sci-fi Ex Machina: Instinto Artificial (2014), que também contava com Isaac. Porém, a grande expectativa criada acaba gerando frustração. Principalmente, porque sua estória parece uma mera variação daquela ficção científica sobre um objeto ou fenômeno que surge em algum lugar da Terra vindo do espaço. E que militares e cientistas humanos precisam desvendar, invariavelmente levando à extinção dos terráqueos.
Alinhando-se ao clamor por maior inclusão feminina no cinema norte-americano, Aniquilação traz cinco mulheres em uma missão suicida para a Área X, local onde surge um fenômeno que ganha a alcunha de “o brilho”. Os grupos masculinos que foram anteriormente enviados para lá jamais retornaram, exceto Kane (Oscar Isaac), marido de Lena (Natalie Portman). Contudo, Kane não parece a mesma pessoa de antes, e está à beira da morte. Mas, sendo uma bióloga e ex-militar, Lena se voluntaria e é aceita na nova expedição à região do brilho, ao lado de outras três especialistas e uma líder, vivida por Jennifer Jason Leigh.
Uma terrível revelação
Lá dentro, percebem que os seres vivos, vegetais e animais, passam por uma mutação genética que provoca uma evolução acelerada. Por exemplo, plantas que geram flores de diferentes espécies, um crocodilo gigante com dentes de tubarão, fungos coloridos e enormes, etc. Contudo, isso pode representar perigo, e um chip deixado pela expedição anterior comprova esse temor. Através de um vídeo, vemos Kane abrindo a barriga de um companheiro para mostrar que, lá dentro, seus órgãos internos se transformaram em um tipo de ser parecido com uma serpente, na cena mais chocante do filme. Não obstante essa revelação terrível, o grupo continuará em frente, para descobrir o que acontece naquele lugar.
O roteiro conta a estória a partir do interrogatório de Lena, que passa a relatar o que se passou. Para conhecermos melhor essa personagem, o filme utiliza muitos flashbacks. E eles revelam que ela e Kane passavam por uma crise conjugal, inclusive com uma traição dela, o que levou o rapaz a se voluntariar para participar da expedição suicida à região do brilho. Apesar da narrativa entrecortada, o filme mantém o interesse até a morte de uma das mulheres da expedição, atacada por um urso evoluído. Depois desse momento, justamente quando o ritmo devia acelerar com maiores descobertas sobre o lugar, Aniquilação vai para temperatura morna. Isso contribui para que o desfecho surpresa, que não é tão original quanto deveria ser, perca o impacto que deveria ter.
Enfim, talvez a novidade aqui seja a ausência de um monstro extraterrestre. Afinal, a vida que vem do espaço chega aqui em forma de células microscópicas. Mas, Aniquilação não consegue fugir do lugar comum. E, nem mesmo dos cenários obviamente copiados de Alien, o 8º Passageiro (1979), como as paredes da caverna no meio do filme. Nada de brilhante nessa estória do brilho.
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Ficha técnica:
Aniquilação (Annihilation, 2018) Reino Unido/EUA, 15 min. Dir/Rot: Alex Garland. Elenco: Natalie Portman, Oscar Isaac, Jennifer Jason Leigh, Gina Rodriguez, Tuva Novotny, Tessa Thompson, Benedict Wong, Sonoya Mizuno, David Gyasi, John Schwab, Sammy Hayman.
Netflix