Sem muitas opções de super-heróis do primeiro time, pois os principais saíram de cena com Vingadores: Ultimato (2019), a Marvel recorre novamente à heroína que não entusiasmou em seu primeiro filme. Capitã Marvel (2019) tinha cenas de ação insossas, e Brie Larson não convencia como uma das mais poderosas figuras do universo tal qual revelada na derradeira aventura dos Vingadores. A alta dose de comédia, porém, salvou a empreitada de ser um total fiasco, graças à atuação de Samuel L. Jackson como um debochado Nicky Fury. Diante disso, era previsível que sua sequência se inclinasse para esse lado do humor.
Mas, junto com essa intenção, veio também uma indesejada pegada juvenil. Que, aliás, deu certo em Shazam! (2019) e em sua continuação Shazam! Fúria dos Deuses (2023). E, coincidência ou não, esse super-herói da DC voltou acompanhado de outros shazamzinhos mais jovens, como acontece em As Marvels. Assim, a Capitã Marvel conta como aliadas Monica Rambeau (Teyonah Parris), que era uma criança no filme anterior, e agora está adulta; e Kamala Khan (Iman Vellani), sua fã adolescente que está em posse de um bracelete com poderes especiais.
O trio enfrenta uma nova vilã, Dar-Benn (Zawe Ashton), uma revolucionária Kree. Antes disso, Capitã Marvel, Monica e Kamala precisam ganhar entrosamento. E, ainda, aprender a usar para o seu benefício o buraco de minhoca que as faz trocar de lugar toda vez que usam seus poderes. Além disso, a reputação da Capitã Marvel está abalada. Ao destruir a Inteligência Suprema, líder tirânico do Império Kree, o sol do planeta Hala entrou em colapso. Por isso, Dar-Benn quer se vingar dela.
Humor para menores
A fim de agradar ao público juvenil, as piadas são ingênuas – mas muito sem graça. Tome como exemplo a repetida sequência de treinamento das Marvels para aprenderem a trocar de lugar. Pior ainda ficou a cena em que elas vão para um planeta onde a Capitã Marvel possui o título de princesa. Lá, todos falam cantando, e a super-heroína ainda dança com o seu príncipe. Era para ser uma paródia dos filmes musicais, mas a mão pesada da diretora Nia DaCosta, de A Lenda de Candyman (2021), torna esse momento demasiadamente artificial. Chega a ser constrangedor.
O filme As Marvels atira para vários lados. Porém, acerta apenas na sátira dos gatos que engolem as pessoas. Verdadeira afronta à ideia dos gatinhos fofinhos, o humor funciona quando a intensidade aumenta com a proliferação dos bichanos. Mas isso não é suficiente para garantir a diversão.
Nos dois rounds, o produto da DC levou a melhor – os dois filmes do Shazam acertam no tom e superam sua rival (na indústria) Capitã Marvel.
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Ficha técnica:
As Marvels | The Marvels | 2023 | 105 min. | EUA | Direção: Nia DaCosta | Roteiro: Nia DaCosta, Megan McDonnell, Elissa Karasik | Elenco: Brie Larson, Teyonah Parris, Iman Vellani, Samuel L. Jackson, Zawe Ashton, Gary Lewis, Park Seo-joon, Zenobia Shroff.
Distribuição: Disney.