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As Vinhas da Ira (filme)
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As Vinhas da Ira

Avaliação:
10/10

10/10

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Crítica | Ficha técnica

As Vinhas da Ira retrata os efeitos devastadores de um capitalismo desregulado, neste que, talvez, seja o filme mais severo de John Ford.

Nessa adaptação do livro de John Steinbeck, Ford deixa de lado os seus habituais alívios cômicos. Só relaxa, um pouco, a tensão, na cena em que as crianças se encantam com o banheiro do acampamento e quando o rapaz procura uma companheira para dançar. Essencialmente, é um filme duro e triste.

O sonho da Califórnia

Durante a Grande Depressão, a família Joad é obrigada a sair das terras que tem arrendado há mais de uma geração, em Oklahoma. Em um velho calhambeque empilhado de coisas e uma dúzia de pessoas, eles partem para a Califórnia, onde há promessa de muitos empregos. Mas, alguns perecem durante a longa jornada que atravessa os estados do Novo México e do Arizona.

Por fim, descobrem as desumanas condições nas grandes fazendas que exploram seus trabalhadores. Há gente demais se oferecendo para os serviços, então os pagamentos encolhem. As tentativas dos trabalhadores de se unirem para protestar são violentamente sufocadas pelas milícias dos proprietários e pela própria polícia corrompida. Logo, os Joad, bem como milhares de outras famílias do campo, conhecem a fome e a miséria.

Como era cinzento

John Ford e o diretor de fotografia Gregg Toland constroem um visual cinzento, que desde as primeiras cenas denunciam o teor pessimista do filme. Desta vez, as sombras e o chiaroescuro expressionistas se juntam à silhuetas dos personagens e aos cenários para formar composições impactantes, mas intencionalmente sem a beleza deslumbrante de seus outros filmes juntos. Afinal, não se maquia esse retrato de desesperança, de uma tristeza que não provoca lágrimas, mas amargor que nasce de nossa boca tensionada por tanta injustiça. Dessa forma, Ford se mantém fiel às palavras que Steinbeck escreveu.

Capitalistas, socialistas, “reds”

Em Como Era Verde o Meu Vale (1941), John Ford abordaria criticamente o capitalismo selvagem. No País de Gales, no final do século 19, as primeiras ações sindicalistas contra a exploração de carvoeiros eram chamadas de socialistas, tal como o patriarca da família protagonista diz aos seus filhos.

No entanto, em As Vinhas da Ira, a situação é ainda mais grave para os trabalhadores rurais, que se tornam miseráveis. Desta vez, o personagem principal, Tom Joad (Henry Fonda), ouve pela primeira vez o termo “reds” para designar os comunistas. Ele é um idealista que ainda não sabe como lutar para melhorar a situação terrível que está testemunhando.

Antes da conclusão, Tom parte nessa jornada em busca de justiça. Então, quem permanece como alicerce da família é a sua mãe, interpretada por Jane Darwell, que ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante por esse papel. Ma Joad é mais uma da galeria de mulheres fortes da obra de John Ford.

Além deste Oscar para Jane Darwell, As Vinhas da Ira rendeu o segundo prêmio da Academia de melhor diretor para John Ford. Antes, ele ganhara nessa categoria por O Delator (1935), e ainda ganharia mais dois nessa categoria. Ademais, o filme ainda concorreu a outros cinco Oscars, entre eles, os de melhor filme, roteiro e ator principal (Fonda).


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