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Batman no cinema: do melhor ao pior | Por Sérgio Alpendre

Batman no cinema: do melhor ao pior
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Com a chegada do novo Batman ao streaming, via HBO Max, proponho uma lista dos longas protagonizados pelo herói no cinema, do melhor ao pior.

1. Batman: O Retorno (Batman Returns, 1992), de Tim Burton

Avaliação: 8

A Gotham City de Tim Burton é bastante gótica, com influências do fascismo italiano, do Metrópolis de Fritz Lang e da arquitetura russa, tudo isso num caldeirão circense em que Batman precisa lutar contra o magnata do mal Christopher Walken e o vilão Pinguim (Danny DeVito). Ele ainda não terá a ajuda de Robin, que surgirá só no primeiro longa de Schumacher, mas tem a ajuda da Mulher Gato (Michelle Pfeiffer).

No ataque inicial do Pinguim, temos o mais próximo que Burton chegou de Brian De Palma, no tipo de suspense e visão subjetiva do vilão. Mas há também referências a Fellini, pela abertura curiosa ao grotesco. Pfeiffer é caricatural e irritante no começo, mas serve para acentuar a transformação na sensual Mulher Gato.

O mais curioso neste retorno do herói sob a batuta de Burton é que há uma acentuação do sombrio, mas também do humor. Isso não está mais unicamente em um personagem, no caso, na persona do Coringa, como no primeiro filme, mas espalhado por toda a trama. Aliás, quem achar inverossímil que o Pinguim possa se candidatar a prefeito de Gotham e o favorito até ser sabotado, precisa lembrar do que tem acontecido no mundo nos últimos seis anos.

2. Batman (1989), de Tim Burton

Avaliação: 7,5

Burton tira a versão cinematográfica do personagem do universo infanto-juvenil e o coloca no universo adulto, por mais que seu Coringa remeta aos palhaços de circo. Os golpes passam a machucar e assassinatos acontecem de verdade. O cineasta concebe a primeira versão cinematográfica adulta do Homem-Morcego como um neo-noir de estrutura inicialmente semelhante à de Scarface (ambos), em que a corrupção é generalizada, respeitando (e salientando) o tom sombrio das histórias originais da DC.

Com a transformação de Jack Napier (Jack Nicholson) em Coringa e sua vingança contra o gangster Grissom (Jack Palance), o filme se torna uma aventura de super-herói contra o super vilão, em que policiais, bandidos e demais profissionais mundanos têm pouca serventia a não ser idolatrar um ou outro. Burton não é muito bom nas cenas de ação, mas o clima psicológico compensa. Michael Keaton está bem como Batman, e Kim Basinger compõe uma interessante fotógrafa Vicky Vale. Mas quem rouba a cena é mesmo Jack Nicholson, liberado para fazer seu overacting porque o personagem assim o permite.

3. Batman (The Batman, 2022), de Matt Reeves

Avaliação: 7

O clima de corrupção e mal-estar domina este que é o mais sombrio de todos os longas com o Homem-Morcego. Matt Reeves na direção e Robert Pattinson como protagonista recolocam o personagem nos trilhos do bom cinema. Reeves é também um melhor diretor de cenas de ação que Burton e Nolan.

Leia a crítica aqui: https://leiturafilmica.com.br/batman/

4. Batman Eternamente (Batman Forever, 1995), de Joel Schumacher

Avaliação: 7

Uma produção de Tim Burton, um filme de Joel Schumacher. Assim inicia o terceiro longa da nova série (1989-1997) de representações cinematográficas do herói. A primeira sentença garante uma certa continuidade no tom gótico imposto nos dois primeiros longas. A segunda, acrescida do vilão Charada, aqui interpretado por Jim Carrey, garante o lado carnavalesco, que se aproxima um pouco da série televisiva dos anos 1960 e do longa para cinema realizado em 1966.

Carrey, de fato, acentua o lado cômico que já estava presente nos dois longas de Burton e compensa a troca de Michael Keaton por um sisudo Val Kilmer (distante de seu tempo de Top Secret) no papel principal. Nicole Kidman é a mulher fatal da vez, uma psicóloga que estuda personalidades duplicadas, e Tommy Lee Jones interpreta um Harvey Duas Caras histriônico, próximo do tom da série dos anos 1960.

Quando Bruce Wayne diz que nunca tinha se apaixonado antes, referia-se a sua persona Val Kilmer, o infeliz vingador (que, no entanto, sorri uma vez, diante de uma revelação de Nicole Kidman), já que as personagens de Kim Basinger e Michelle Pfeiffer eram paixões de Michael Keaton, o cínico. Interessante comentário sobre a mudança do ator e da personalidade do milionário que se veste de herói.

5. O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008), de Christopher Nolan

Avaliação: 6,5

O preferido dos fãs de quadrinhos tem um roteiro interessante, mas sofre da inabilidade de seu diretor para filmar o espaço e os movimentos. O destaque vai para a interpretação de Heath Ledger como o Coringa, e para alguns momentos engenhosos da trama, como o dos navios (que poderia ser mais bem filmado).

6. Batman Begins (2005) | Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016, ed. definitiva)

Batman Begins (2005), de Christopher Nolan

Avaliação: 6

Um novo começo, oito anos depois de Batman e Robin. Desta vez a nova série não será dividida entre dois diretores (Burton e Schumacher), mas inteiramente dirigida por Nolan, com Christian Bale na pele do milionário Bruce Wayne e do Homem-Morcego. Por mais que este e O Cavaleiro das Trevas sejam os melhores filmes do diretor, vale lembrar que se trata de um medíocre endeusado por uma cinefilia que se impressiona com firulas. A força do personagem segura o filme, mas não a todo momento.

Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016), de Zack Snider (ed. definitiva)

Avaliação: 6

Não seria justo colocar este filme dentro da série de Batmans (se fosse, estaria nesta mesma posição, atrás do primeiro Batman de Nolan), uma vez que ele cabe melhor a uma outra série, Liga da Justiça. Mas aqui, como em toda a série, o morcegão é interpretado por Ben Affleck. A edição definitiva com o corte do diretor é tida como ligeiramente superior por 9 entre 10 cinéfilos.

É, no entanto, o típico cinema de ação do século 21: melhor quando não há ação (na primeira metade há pouca, felizmente), ou quando alguma das inúmeras tentativas de humor dá certo: o jogo de futebol americano entre as cidades fictícias de Metropolis e Gotham City, por exemplo. Nesse jogo, aliás, deu a cidade do Superman. Mas, Jesse Eisenberg como Lex Luthor? Sério? Um papel que já foi de Gene Hackman? É provavelmente a ideia mais absurda do blockbuster no século 21.

7. Batman e Robin (1997), de Joel Schumacher

Avaliação: 5

Quarto e último longa da série iniciada com o Batman de 1989, este segundo dirigido por Schumacher carrega nas cenas de ação, que não eram seu forte (nem de Burton, aliás), o que o torna enfadonho, apesar de toda a ambiência colorida levar um pouco o filme para fora de uma representação genérica do filme de ação com super-heróis.

Uma Thurman está ótima como Poison Ivy, e Schwarzenegger faz um Dr. Freeze engraçado, mas o filme é uma bagunça da qual não queremos fazer parte (ao contrário de Batman Eternamente, uma bagunça atraente). A estupidez de Robin e a interpretação sofrível de Alicia Silverstone como sobrinha de Alfred são outros problemas que o filme não consegue contornar.

8. O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Night Rises, 2012), de Christopher Nolan

Avaliação: 4

Pior adaptação de Batman para o cinema e um dos piores filmes de super-herói de todos os tempos. Parece um trailer gigante montado com incompetência do tamanho de sua duração (2h44).

HORS CONCOURS: Batman: O Filme (Batman: The Movie, 1966), de Leslie H. Martinson

Se a questão é se divertir, nada melhor que esta antiga versão cheia de cores e onomatopeias, baseada na série de sucesso dos anos 1960, então no fim de sua primeira temporada (terá mais duas), com a dupla dinâmica e os vilões Pinguim (Burgess Meredith), Charada, Mulher-Gato e Coringa (Cesar Romero). A tosquidão é consciente e proposital, com detalhes humorísticos espalhados pelo cenário e um charme camp que é difícil repetir.

Texto escrito pelo crítico e professor de cinema Sérgio Alpendre, especialmente para o Leitura Fílmica.

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