Branca de Neve

Poster de "Branca de Neve"

Título original: Snow White

Ano de lançamento: 2025

Data de estreia no Brasil: 20/03/2025

Direção: Marc Webb

Gênero: , ,

Mais informações na ficha técnica abaixo do texto

Avaliação: 4/10

Walt Disney precisou de muita ousadia para realizar seu primeiro longa animado, Branca de Neve e os Sete Anões, lançado em 1937. Já a sua empresa, 59 anos após a morte do fundador, faz o contrário ao produzir a refilmagem em live action desse clássico pioneiro. Concebido sob os olhares do politicamente correto e mirando o público infantil, Branca de Neve (2025), de Marc Webb, toma a cautela de não desagradar ninguém. Como consequência, os realizadores tomam várias decisões erradas que estragam o material original.

Um dos maiores erros é escalar Rachel Zegler no papel da protagonista. Em outra refilmagem, Amor, Sublime Amor (West Side Story, 2021), de Steven Spielberg, Zegler provou que sabe cantar e dançar muito bem. Porém, Spielberg a escolheu não só por esses talentos, mas também por ela ser neta de uma colombiana, portanto latina como a personagem María, o que respondia às críticas por Natalie Wood ter feito esse papel na versão original. Nesta refilmagem em análise, o politicamente correto leva à mudança da etnia da protagonista, embora isso não seja mencionado no roteiro. Por mais talentosa que seja Rachel Zegler, ela não tem a pele branca como a neve – justificativa para o seu nome tal como se encontra na versão original do conto escrito pelos irmãos Grimm (fonte: https://sites.pitt.edu/~dash/grimm053.html).

Além disso, o cabelo que ficou conhecido como “snow white bob” e que o novo filme revela que foi uma das maldades da Rainha Má, não caiu bem em Rachel Zegler. E muito menos o icônico figurino (no filme muito mais amarelo do que na animação) que a personagem veste quando vai para a floresta. Como consequência, Zegler parece uma impostora tentando se passar pela Branca de Neve, como se estivesse fantasiada para um Halloween.

A Rainha e as pessoas de baixa estatura

Por outro lado, Gal Gadot se encaixa no imaginário da Rainha Má. Alta e bela, porém, vaidosa demais a ponto de desejar eliminar a concorrência, mesmo que ela seja a sua enteada. O problema com Gadot é que ela não consegue cantar. Seja com ela ou com Zegler, com canções novas ou do filme original, os números musicais não encantam.

Acima de tudo, as maiores vítimas do politicamente correto são os sete anões. Limados do título do filme, os anões devem ter feito os realizadores pisarem em ovos. Com receio de ofender as pessoas com nanismo, ou as características que dão nome a cada um desses personagens, eles são criados por computação gráfica. O resultado é terrível, pois ostentam rostos gigantes e não são nada graciosos como na animação. O Dunga, que parece o Alfred E. Neuman, mascote da revista Mad, ainda ganha um ridículo arco na trama que o faz superar suas limitações.

Moderno e mais atrativo?

O roteiro, aliás, aplica várias alterações em relação à história original em nome dos tempos modernos. A fim de ressaltar o empoderamento feminino, a princesa Branca de Neve, destituída de seu posto e relegada a uma serviçal da Rainha, não mais fica na espera pelo príncipe para tirá-la dessa vida. Pelo contrário, é ela quem salva o rapaz, que é um rebelde da floresta.

Algumas alterações do roteiro visam eliminar todos os elementos assustadores do filme original, para não afugentar o público infantil dos cinemas. A transformação da Rainha Má, que é uma bruxa, na velhinha soturna que oferece a maçã envenenada para a Branca de Neve, era uma cena aterrorizante no longa de 1937, com direito até a esqueletos e sadismo. No live action, o trecho é mais curto e insípido. Em outro exemplo, os anões e os animais da floresta perseguem a Rainha até um desfiladeiro, resultando numa tragédia. No novo filme, as coisas se resolvem na base da conversa.

Marc Webb, como de costume, trabalha em Branca de Neve como diretor de estúdio, como fez nos dois filmes do Homem-Aranha com Andrew Garfield. São produções da Disney, muito mais que do diretor. Não é culpa dele, e muito menos de Rachel Zegler ou de qualquer outro talento artístico envolvido neste filme, que o resultado seja tão ruim. Ao privilegiarem os interesses comerciais e o politicamente correto, os produtores limaram toda a emoção desta história universal.    

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Ficha técnica:

Branca de Neve | Snow White | 2025 | 109 min. | EUA | Direção: Marc Webb | Roteiro: Erin Cressida Wilson | Elenco: Rachel Zegler, Gal Gadot, Emilia Faucher, Andrew Burnap, Andrew Barth Feldman, Tituss Burgess, Martin Klebba, Jason Kravits, George Salazar, Jeremy Swift, Andy Grotelueschen, Ansu Kabia, Patrick Page.

Distribuição: Disney.

Trailer:

Onde assistir:
Rachel Zegler em "Branca de Neve"
Rachel Zegler em "Branca de Neve"

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