O Capitão América é o super-herói da Marvel que ganhou as melhores adaptações para o cinema: os filmes Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014) e Capitão América: Guerra Civil (2016), ambos dirigidos por Anthony Russo e Joe Russo. Uma característica própria desse personagem contribui muito para o sucesso dessa transição dos quadrinhos para as telas, e é o fato de seu superpoder não ser tão exageradamente espetacular quanto aqueles dos seus pares. O Capitão América conta apenas com sua força sobre-humana, fruto de uma experiência americana para criar supersoldados para a Segunda Guerra Mundial, além de um escudo. Isso produz um efeito positivo para o cinema, porque quando o personagem entra em ação, resulta em cenas com lutas corporais, bem mais orgânicas que trocas de raios ou similares.
Tendo isso em conta, o início de Capitão América: Admirável Mundo Novo parece jogar fora essa vantagem. O novo Capitão, sucessor de Steve Rogers e antigo Falcão, utiliza as asas poderosas desse super-herói e ainda pode lançar uma energia destruidora que ele ganhou de Wakanda (o país do Pantera Negra). E, com essas armas, ele consegue resgatar um padre e algumas freiras no México, que depois agradecem com um “Muito obrigado, Capitão América!” (dando margem a possíveis conotações políticas nesse momento turbulento de segundo mandato de Trump). Em contrapartida, este Capitão América interpretado por Anthony Mackie não tomou o soro do experimento com Steve Rogers que poderia deixá-lo mais forte – fato que ele cita mais de uma vez com orgulho. Mas, seria um super-herói mais interessante sem as asas do Falcão e sem esse poder de Wakanda.
Boas cenas de ação
Felizmente, para o filme, o Capitão América não utiliza novamente essa energia de Wakanda (que seria muito útil para o personagem, mas ruim para as cenas de ação, pois lhe daria uma vantagem substancial). As asas, ele volta a usar bastante, principalmente numa emocionante cena com caças aéreos na qual que ele e o novo Falcão tentam evitar um conflito bélico entre os Estados Unidos e o Japão. O downgrade de superpoderes neste filme da Marvel fica evidente nos trechos em que o vilão Sidewinder (Giancarlo Esposito) ataca atirando com um revólver.
No geral, as cenas de ação soam um pouco mais orgânicas do que nas demais produções da Marvel. O diretor nigeriano Julius Onah, que fez o sofrível O Paradoxo Cloverfield (2018), evita os planos rápidos demais que costumam poluir os filmes do gênero. Em Capitão América: Admirável Mundo Novo chega até a empregar a câmera lenta para que o espectador possa acompanhar todos os golpes dos confrontos. Mas, o grande clímax, o duelo um a um entre o Capitão América e o Hulk Vermelho (criatura que impactaria com mais força se não fosse tão explorada nos materiais de divulgação, incluindo o trailer), apesar do tom apoteótico, cai no defeito de ser artificial demais. Culpa, na verdade, da própria criatura oponente, obrigatoriamente criada em computação gráfica.
Trama batida
A história não empolga muito. O presidente dos Estados Unidos, Thaddeus Ross (papel de Harrison Ford, um dos atrativos do filme), pretende conduzir um acordo mundial para explorar um valioso material chamado adamantium, encontrado na Massa Celestial que surgiu no Oceano Pacífico. Mas sua mente é controlada pelo vilão Samuel Sterns (Tim Blake Nelson), que tenta provocar uma nova guerra entre o Japão e os Estados Unidos, além de envenenar o presidente com raios gama que o transformam num Hulk. É uma trama que se apoia nessa premissa de dominar a mente que já está batida demais.
O resultado disso tudo leva ao filme mais fraco do Capitão América. Ainda assim, melhor do que a maioria dos lançamentos da Marvel, que tem a chance agora de recuperar o sucesso da era Avengers novamente contando com esse super-herói como um dos pivôs.
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Ficha técnica:
Capitão América: Admirável Mundo Novo | Captain America: Brave New World | 2025 | 118 min. | EUA | Direção: Julius Onah | Roteiro: Rob Edwards, Malcolm Spellman, Dalan Musson, Julius Onah, Peter Glanz | Elenco: Anthony Mackie, Harrison Ford, Danny Ramirez, Shira Haas, Carl Lumbly, Tim Blake Nelson, Giancarlo Esposito, Xosha Roquemore.
Distribuição: Disney.
