O diretor Edward Drake dirigiu quatro filmes em seguida contando com Bruce Willis no elenco. Quatro bombas: Invasão Cósmica (Cosmic Sin, 2021), Apex (2021), Emboscada (American Siege, 2021), e este Conspiração Explosiva (Gasoline Alley), o último a ser lançado. Em todos, o antigo astro empresta o seu nome como chamariz de público, aparecendo em poucas cenas, geralmente gravadas em apenas um ou dois dias.
Neste filme, não é nem o segundo nome do elenco, Luke Wilson, que tem o papel principal. Este cabe a Devon Sawa, de quem alguns poucos se lembram como o rapaz protagonista de Premonição (Final Destination, 2000). Sawa interpreta aqui Jimmy Jayne, um tatuador que tenta durante todo o filme provar que não assassinou as quatro prostitutas encontradas mortas em um quarto em Los Angeles. Poderia ser interessante, pois a premissa coloca o protagonista como o investigador de um crime não só para desvendá-lo, mas para inocentar a si próprio. Renderia até um film noir, mas o diretor não teve essa presença de espírito. Pelo contrário, usa uma fotografia exageradamente colorida, o inverso do chiaroescuro do noir.
Os dois nomes mais conhecidos, Bruce Willis e Luke Wilson, fazem os policiais oficialmente responsáveis por desvendar o crime. Sem muita surpresa, o enredo revela que um deles está envolvido nas mortes. Mas, para descobrir isso, Jimmy Jayne se locomove de um lugar a outro atrás de pistas. O espectador não tem chance de se envolver nessa investigação, pois em cada parada surge um novo personagem na história.
Roteiro perdido
Na verdade, apenas os primeiros minutos são interessantes, pois ainda não sabemos se o protagonista é culpado ou não. Porém, logo depois que isso fica claro, as motivações do personagem parecem cada vez mais tolas. Nisso, ignora o mais importante, que é revelar os motivos para a conspiração (explosiva, no ridículo título nacional) contra Jimmy Jayne, se é que realmente havia esse complô, pois a conclusão revela que aquele isqueiro da sua oficina de tatuagem, que despertou a desconfiança sobre ele, parou nas mãos de uma das vítimas porque ele se apaixonou por ela à primeira vista. Parece uma solução ridícula, e é apenas uma das muitas inconsistências dessa trama.
O roteiro não sabe para onde ir. A busca desesperada pelas provas de sua inocência, ou do verdadeiro criminoso, se torna, de repente, menos importante do que uma vingança pessoal pela morte da prostituta morta. Mas, ele a conheceu apenas algumas horas antes de ela ser assassinada, ou seja, não havia um grande amor para justificar toda essa ira. Da mesma forma, ele se sacrifica para salvar a cantora que apenas lhe serviu como informante, como se fosse uma grande amiga ou um familiar muito querido. Além disso, outro ato desmotivado mostra o protagonista queimando o dinheiro dos bandidos – por que ele não o embolsa, ou melhor, o entrega para polícia, que seria a atitude mais correta?
Soluções preguiçosas
Isso tudo surge em meio a soluções preguiçosas para as cenas de ação. Para não complicar as filmagens, o personagem principal enfrenta com facilidade dezenas de inimigos num túnel escuro. O roteiro não se preocupa nem em aumentar a credibilidade da sequência, pois o herói poderia se armar com as metralhadoras dos bandidos mortos ao invés de seguir em frente com uma pistola com apenas quatro balas. Além disso, o diretor Edward Drake comprova sua incompetência com vários erros de continuidade e com enquadramentos que comunicam a ideia errada nas cenas. Por exemplo, quando insiste em filmar com a câmera atrás de uma parede ou janela, o que dá a impressão de que tem alguém observando escondido.
Enfim, Conspiração Explosiva serve apenas para Bruce Willis rechear seu pé de meia, como se já premeditasse sua futura decisão por conta do diagnóstico de afasia que surgiria em 2022.
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Ficha técnica:
Conspiração Explosiva | Gasoline Alley | 2022 | 97 min | EUA | Direção: Edward Drake | Roteiro: Edward Drake, Tom Sierchio | Elenco: Bruce Willis, Luke Wilson, Devon Sawa, Kat Foster, Sufe Bradshaw, Vernon Davis, Billy Jack Harlow, Irina Antonenko.