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Diário de Gostoso 2022 | 1º dia | Por Sérgio Alpendre

Diário de Gostoso - dia 1
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Leia aqui o primeiro texto do Diário de Gostoso, escrito por Sérgio Alpendre, sobre o 1º dia da Mostra de Cinema de Gostoso 2022.

Aberturas de festivais são quase sempre dispensáveis. Excesso de pronunciamentos de tom oficioso, atrasos movidos por circunstâncias diversas, fora o périplo da rotina aeroporto-avião-hospedagem que não deixa de nos cansar.

As aberturas da Mostra de Gostoso podem se enquadrar nas exceções (se há outras, não lembro, mas pode ser que desconheça algumas). Principalmente pelo ambiente: as sessões na praia, com um telão instalado nas areias da Praia de Maceió, uma das mais tranquilas de São Miguel do Gostoso, e o vento que sopra impiedosamente provocando frio em alguns, é um charme só. Quem já veio acompanhar o festival, vai querer voltar no ano seguinte.

Desta vez, contudo, a abertura teve um problema extra. O vento estava tão forte que a tela rasgou, segundo me confidenciou o diretor do festival Eugenio Puppo. Tiveram que improvisar, mas nisso já armaram o palco um tanto mais tarde do que costumava acontecer.

A programação deste ano me pareceu boa, mas com filmes que já passaram em outros festivais. Alguns até já estrearam. É certo que ver aqui em Gostoso é sempre diferente. Mas perde-se um senso de ineditismo que sempre havia em ao menos alguns títulos. Os jornalistas comentam que já viram todos ou quase todos os longas e vão se concentrar nos curtas, embora rever é sempre mais importante que ver, como dizia Jairo Ferreira.

Marte Um

O filme escolhido para a abertura desta 9ª edição é Marte Um, de Gabriel Martins. Interessante escolha, com um olho na formação de público, já que é o filme escolhido para representar o Brasil no Oscar, além de ter feito ótima carreira no circuito comercial. Ainda, é um filme que parece ter vindo numa hora catártica.

Sem falar muito ou mais diretamente do governo que se encerrará em pouco menos de dois meses, deixa evidente o clima de esperança de que o pesadelo teria que terminar. De fato, a maneira como a situação atual brasileira cerca o filme é exemplar. O problema me parece estar nas soluções dramáticas, como a que leva o menino a ficar impossibilitado para um teste ou a frágil solução para o núcleo do prédio em que mora o jogador de futebol Sorín, ex-Cruzeiro.

Problemas que podem soar menores numa revisão, e por esse motivo ela ainda não veio ontem. Rever um filme importante como esse no dia de chegada num festival, após horas entre aeroportos e aviões e tendo dormido muito pouco, seria uma temeridade, e o filme não merece isso.

Notei, contudo, que ao deixarmos, eu e Carla Oliveira, a “sala de cinema” montada na praia, o público estava menor do que no início. O que me leva a crer que boa parte da plateia queria mesmo era ver o pronunciamento da governadora do estado, Fátima Bezerra (PT), reeleita no primeiro turno. Muito aplaudida, ela foi a maior estrela da primeira noite.

O cinema é forte e virará o jogo, imagino, já neste sábado, quando serão exibidos três longas e três curtas. O diário amanhã será mais movido por filmes que o de hoje.   

Texto escrito pelo crítico e professor de cinema Sérgio Alpendre, especialmente para o Leitura Fílmica.

(foto/divulgação)

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