A sinopse de Esta é a minha Vida na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, na qual compete na seção Perspectiva Internacional, não diz isso, mas o filme só faz algum sentido se pensarmos que o enredo cuida do processo de enlouquecimento da sua personagem principal.
Barbie aos 55
Barberie Bichette (Agnès Jaoui), conhecida como Barbie, é a protagonista. Aos 55 anos, parece deslocada no mundo. Na primeira cena, está em frente a um computador, com óculos com uma haste quebrada, sofrendo com a indecisão de qual fonte escolher para escrever um texto. A trama acompanha a sua rotina, que igualmente parece uma batalha. Para ela, nada parece fluir harmonicamente. Ela se movimenta por vários lugares, sem se adequar a nenhum deles.
Confronta o seu terapeuta, visita a irmã que é diretora numa escola. Numa praça, fala com sua filha adolescente que parece ter vergonha dela. Encontra um ex-namorado, mas não o reconhece de jeito nenhum.
Barbie topa com desconhecidos nos espaços públicos, e todos parecem esquisitos. A mulher no ônibus, as meninas imigrantes pedintes, os médicos e os funcionários do hospital, para onde vai após um colapso.
Parece que Barbie está perdendo a consciência da realidade. É como se o filme dissesse que, aos olhos de um louco, todos os outros parecem loucos. A conclusão parece coisa de alienado mesmo, embora essa bizarrice possa ser real. A protagonista viaja sozinha até a Inglaterra, onde decide comprar um pequeno quadrado de terra (um pouco mais de um metro quadrado) perto das montanhas e de um lago. Com isso, recebe o título de “lady”, formalizado em um papel que a vendedora imprime na hora. Só então, Barbie encontra a sua paz. Não exatamente por causa dessa terra ou desse título, mas porque conhece um homem no mesmo estado dela, com quem finalmente consegue travar uma boa conversa.
Esta é a minha Vida não faz rir, nem chorar, muito menos emocionar. Uma vã tentativa de retratar um processo degenerativo pela perspectiva de quem a sofre.
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Ficha técnica:
Esta é a minha Vida | Ma vie ma gueule | 2024 | 99 min. | França | Direção: Sophie Fillières | Roteiro: Sophie Fillières | Elenco: Agnès Jaoui, Angelina Woreth, Édouard Suplice, Valérie Donzelli, Laurent Capelluto, Emmanuel Salinger, Philippe Katerine.