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Eu, Daniel Blake (filme)
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Eu, Daniel Blake

Avaliação:
9/10

9/10

Crítica | Ficha técnica

Vencedor da Palma de Ouro em Cannes (2016), “Eu, Daniel Blake” é um drama realista sobre um homem de idade que sofre um enfarte e é desaconselhado a trabalhar. E, então, ele procura obter a pensão por invalidez.

No entanto, Daniel Blake depara com os entraves burocráticos do governo. O processo se torna difícil por ele não saber lidar com computadores para preenchimento dos formulários online obrigatórios, ou mesmo para produzir um currículo no formato padrão.

Da mesma forma, Katie, uma mulher solteira com dois filhos, também se enrola na burocracia porque chega atrasada para um agendamento. Então, os dois se ajudam para escapar da vida miserável em que se encontram.

Realismo

O diretor Ken Loach resgata características do neorrealismo italiano para contar essa história triste e verdadeira daqueles que precisam recorrer ao sistema governamental para sobreviver. O que deveria ser um procedimento comum se torna um obstáculo intransponível para o cidadão que sempre contribuiu para usufruir deste direito em caso de necessidade.

Logo, diante da imensa máquina burocrática, o solicitante se sente incapaz de obter sua pretensão. As respostas robotizadas dos funcionários do governo, seja por telefone ou pessoalmente, desumanizam a pessoa. Por isso, no filme, o personagem principal, Daniel Blake, precisa reclamar por sua dignidade.

As filmagens privilegiam as locações para evitar o artificialismo que poderia minar as forças dessa história, e, pelo mesmo motivo, não utiliza trilha sonora. Talvez a única trucagem esteja no começo do filme, durante os créditos, quando a funcionária do INSS da Inglaterra entrevista Daniel Blake e a tela está escura. Dessa forma, o absurdo da situação fica evidente mesmo que não conheçamos ainda o personagem. Ou seja, mesmo sem termos ainda desenvolvido qualquer empatia por ele. Afinal, não importa quem é o entrevistado, a situação é, incontestavelmente, injusta.

Momentos dramáticos

Para as transições mais importantes, Ken Loach utiliza um simples fade out, principalmente depois das cenas mais dramáticas. De fato, muitas delas conseguem cortar o coração mesmo sem o uso de recursos apelativos. Duas delas, com a atriz Hayley Squires no papel de Katie, facilmente levam o espectador às lágrimas.

Primeiro, quando ela tenta dar um trato no apartamento que obteve, bem longe de Londres, onde vivia, através de um programa governamental, mas que está em péssimo estado. O que ela tem para comer, ela usas para alimentar seus dois filhos. Porém, apesar disso, fica até a madrugada limpando a casa, num trabalho que parece interminável.

Na outra cena, Katie coleta para si doações de alimentos em uma instituição. Então, desesperada de fome, abre uma lata de comida enlatada e começa a comer lá mesmo, antes que desmaie de fraqueza.

“Eu, Daniel Blake” dialoga com “Projeto Flórida” (2017). Os dois filmes abordam com realismo a vida das classes baixas em países de primeiro mundo – Inglaterra e Estados Unidos, respectivamente.  São dois retratos sociais que emocionam, enquanto revelam esse lado ignorado pela maioria das produções do cinema. Definitivamente, obrigatórios para nossas consciências e nossos corações.


Ficha técnica:

Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake. 2016) Reino Unido/França/Bélgica, 100 min. Dir: Ken Loach. Rot: Paul Laverty. Elenco: Dave Johns, Hayley Squires, Sharon Percy, Briana Shann, Dylan McKiernan, Kate Rutter, Kema Sikaswe, Steven Richens, Amanda Payne.

Onde assistir:
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