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Febre do Rato (filme)
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Febre do Rato

Avaliação:
9/10

9/10

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Crítica | Ficha técnica

Quantos assinantes da Netflix sobreviverão a Febre do Rato?

É verdade que os filmes do diretor Kleber Mendonça Filho chegaram ao catálogo dessa plataforma faz tempo. Porém, a obra do também pernambucano Cláudio Assis possui um potencial muito mais arrasador para impactar o espectador médio. Basta nos lembrarmos de Amarelo Manga (2002).

De cara, Febre de Rato se destaca pela sua bela fotografia em preto e branco, responsabilidade de Walter Carvalho. Essa opção se conecta com o tema, pois o filme retrata Recife sem as cores do destino turístico que é. Aqui, não mergulhamos nas águas de suas famosas praias, mas no rio poluído ao lado das favelas onde vivem os seus personagens.

A narrativa está longe do cinema clássico. Não há uma história com começo, meio e fim. Encontra-se o registro de alguns dias na vida de alguns personagens. O principal deles é Zizo, o poeta, que recita poemas sempre que pode. Ele não trabalha, mas edita o jornal “Febre do Rato”, que é um panfleto com seus escritos que ele imprime em casa. O conteúdo é contestador, e ele também o divulga no alto falante acoplado a seu carro enquanto circula pela cidade.

Quem interpreta Zizo é Irandhir Santos. Sem dúvida, mais uma de suas impressionantes caracterizações camaleônicas.

O autor Cláudio Assis

Em Febre do Rato, Cláudio Assis traz o cinema experimental para dentro do cinema narrativo. É um diretor autoral por excelência. Nota-se em sua obra um estilo nervoso com a câmera sempre em movimento, arriscando closes estranhos, em contraste com enquadramentos perfeitamente simétricos. Uma de suas marcas é a câmera que filma de cima os cômodos de uma casa, como se não existisse ali um forro.

Seus filmes se passam em Recife, perto de Caruaru, sua cidade de origem. Por isso, retrata com autenticidade a vida de seus moradores periféricos, em locações que mostram a vida como ela é. Por exemplo, em Febre do Rato, caixa d’água vira piscina.

Elenco e personagens

No elenco de suas produções, Matheus Nachtergaele está sempre presente. Ao lado dele, alguns outros nomes conhecidos. Mas, sempre contando com personagens coadjuvantes que parecem estar na mão de não-atores, tamanha a sua autenticidade. No filme em análise, todos os personagens possuem esse naturalismo. Ao mesmo tempo, todos eles possuem personalidades fortes.

Nesse aspecto, Nanda Costa contraria o padrão da personagem bonitinha dos filmes tradicionais. Sua Eneida não é mocinha, nem bandida. Ela é especial apenas aos olhos do poeta que a elege sua musa. Contudo, não está em nenhum pedestal. Despe-se, literalmente, de qualquer glamour, e até urina na frente de seu admirador. Se não fica com ele, não é porque é pudica, o sexo para ela representa algo corriqueiro, assim como para os outros personagens.

Por um lado, pode-se alegar que Zizo não é assim tão natural. De fato, ele é quase folclórico, por suas habituais intervenções poéticas, bem como por seu espírito contestador. O comum, certamente, não se aplica a ele. Sintomaticamente, ele é o único que desaparece, reprimido e agredido pela polícia. Os demais personagens continuam seguindo sua vida.


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