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Amarelo Manga (filme)
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Amarelo Manga

Avaliação:
9/10

9/10

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Crítica | Ficha técnica

Em Amarelo Manga, só os brutos sobrevivem.

O diretor Cláudio Assis estreia em longa-metragem com um filme visceral. A rotina de um só dia é suficiente para retratar um mosaico de situações violentas que fazem parte do cotidiano de uma comunidade recifense. Nesse cenário, os seus personagens interligados recorrem à brutalidade para sobreviver.

Bar Avenida

Assis escancara essa brutalidade logo na abertura de Amarelo Manga. A câmera filma do alto a personagem Lígia (Leona Cavalli), transitando pelos cômodos de onde mora como se não houvesse um forro, ou mesmo um teto. Assim, tem-se a impressão de que tudo está exposto ou desprotegido. Aliás, tanto quanto as partes íntimas de Lígia, que coloca seu vestido curto sem sutiã ou calcinha. Por isso, ela fala para a câmera agressivamente, encerrando seu monólogo mandando todos tomarem no %$#@. Com essa postura, ela consegue lidar com os seus fregueses no miserável Bar Avenida.

Texas Hotel

Da mesma forma, do outro ponto da cidade, acompanhamos alguns dos bizarros moradores do Texas Hotel, na verdade, uma decadente pensão. Entre eles, o misterioso Isaac (Jonas Bloch), um ser desprezível que mistura o falar com o xingar. Seu prazer é manusear defuntos frescos, mas o filme não explicita o que ele faz com eles. No decorrer do dia, ele assediará sexualmente Lígia.

Ademais, o outro personagem da pensão que se destaca é Dunga (Matheus Nachtergaele). Ele é um rapaz gay muito sagaz que coloca em ação um plano para agarrar Wellington (Chico Díaz), o entregador de carnes. Por isso, revela a Kika (Dira Paes), a esposa crente de Wellington, que este a trai.

Aliás, Kika possui um papel essencial para o tema do filme. Após descobrir a infidelidade do marido, ela deixa de ser a moça comportada para também se brutalizar. Numa das últimas cenas, ela pede para pintar seu cabelo na cor amarelo manga. Esta é a cor que caracteriza Lígia, revelando que Kika aprende que deve assumir essa postura bruta para sobreviver nesse mundo.

Cinema pernambucano

Amarelo Manga é uma das fortes obras da geração de cineastas pernambucanos contemporâneos que filma com vigor suas impressões sobre o cenário onde vivem. Além de Cláudio Assis, esse grupo reúne Kleber Mendonça Filho, Gabriel Mascaro, o próprio Hilton Lacerda (roteirista de Amarelo Manga), e outros.

Assis continuará com essa vitalidade, arrombando as portas do cinema padronizado, em seus filmes seguintes. Por exemplo, em Baixio das Bestas (2006), Febre do Rato (2011) e Piedade (2019), o cineasta continua brutal.  


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