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Fragmentado (filme)
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Fragmentado

Avaliação:
6/10

6/10

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Crítica | Ficha técnica

“Fragmentado” é um filme esquizofrênico

Prometia ser um suspense de arrepiar. Pela segunda vez, M. Night Shyamalan se junta a Jason Blum, que construiu uma carreira de sucesso produzindo filmes de terror de baixo orçamento, como “Ouija – O Jogo dos Espíritos” (Ouija, 2014). Portanto, é uma parceria que reúne especialistas do gênero. A sinopse do roteiro, escrito por Shyamalan, revela a original premissa de um sequestrador esquizofrênico com 23 personalidades diferentes.

Na estória, a adolescente Casey (Anya Taylor-Joy) aceita a carona do pai de uma colega de escola, após uma festinha de aniversário num shopping center. No estacionamento, esse pai é atacado e Kevin (James McAvoy) sequestra Casey e suas duas amigas. No cativeiro, as meninas percebem que Kevin possui múltiplas personalidades e que foram escolhidas para algum tipo de sacrifício. Tentam fugir, mas sem sucesso. E percebem que a hora de suas mortes se aproxima. Em paralelo, a psicanalista de Kevin, Dra. Karen Fletcher, percebe nas sessões de terapia que seu paciente pode estar à beira de cometer um ato extremo.

Análise

“Fragmentado” apresenta duas primorosas interpretações de seus protagonistas. Anya Taylor-Joy possui o semblante perfeito para o papel, com olhos expressivos e aparência à margem do padrão de beleza ocidental. James McAvoy, o Professor Xavier dos filmes recentes dos X-Men, surpreende em um papel desafiador, onde qualquer deslize poderia descambar para o cômico e acabar com o clima do filme. Afinal, Kevin assume a personalidade de um menino de 9 anos e também de uma mulher, entre outras. Ele consegue ser especialmente assustador quando dança de maneira frenética uma música de Kanye West. Esse momento da dança representa um dos picos de suspense do filme, que, porém, não apresenta um crescendo de tensão, mas apenas momentos isolados.

Já o diretor Shyamalan emprega alguns recursos típicos do gênero de forma eficiente. Na primeira abordagem de Kevin, coloca a câmera subjetiva de seu ponto de vista quando se aproxima do carro no estacionamento. O uso de frestas, tanto da porta do cativeiro, como do armário do vestiário, evoca a tensão com a visão parcial do que ocorre nas telas. Adicionalmente, colocar a câmera ora de cima para baixo, ora na posição inversa, também contribui para os momentos de suspense que funcionam. Além disso, o diálogo entre as variadas personalidades do esquizofrênico ganha um interessante retrato alternando dois espelhos. Até mesmo a vista de cima das escadas do prédio onde a psicanalista clinica surge como um dos recursos de Shyamalan.

Nem sempre assustador

Contudo, o que prejudica “Fragmentado” é que nem sempre o vilão soa assustador, mesmo quando vive uma das personalidades ruins. E também porque a tensão esfria sempre que o filme abandona o cativeiro para acompanhar as sessões de terapia, retirando o potencial claustrofóbico da situação. Mas o mais grave é deixar de lado a possibilidade real de existir uma pessoa doentia como Kevin para descambar de forma juvenil para o universo fantástico de outro filme de Shyamalan, “Corpo Fechado” (Unbreakable, 2000), quando a expectativa era de um filme sombrio como “O Silêncio dos Inocentes” (The Silence of the Lambs, 1991).

Desperdiça-se até a construção da protagonista Casey, cujo arco se abandona inexplicavelmente, quando ela é chamada no final para encontrar seu tio. É como se a experiência trágica que viveu não a tivesse mudado em nada, como se fosse algo banal em sua vida. De fato, é o que sente o espectador também após duas horas assistindo o filme, como se ele apontasse que não era para ser levado a sério, e que era apenas uma divertida estória juvenil. Portanto, se você prefere uma abordagem adulta do tema do cativeiro e do psicológico, prefira assistir “O Quarto de Jack” (Room, 2015) ou, se quer um clima mais tenso, escolha “Rua Cloverfield, 10” (10 Cloverfield Lane, 2016).


Onde assistir:
Fragmentado (filme)
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