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Guerra Sem Cortes (filme)
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Guerra Sem Cortes

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

No contundente filme Guerra Sem Cortes, Brian De Palma revisita o abuso sexual dos soldados norte-americanos na guerra, tema que ele já havia abordado em Pecados de Guerra (Casualties of War, 1989). Desta vez, ao invés do Vietnã, o cenário é o Iraque.

Guerra Sem Cortes é filmado como se fosse um found footage, ou seja, como uma montagem de material audiovisual pessoal que foi encontrado. A principal origem seriam os vídeos que o soldado Angel Salazar registra durante o tempo que ele permaneceu num posto militar na cidade iraquiana de Samarra. Completam o filme trechos de reportagens e noticiários de tv da época.

O objetivo de Angel é reunir material para depois montar um projeto de filme para seu curso de cinema. Por isso, Guerra Sem Cortes apresenta várias transições comumente encontradas em programas de edição amadores. Além, claro, de trechos em que ele filma a si mesmo narrando o que está captando.

O resultado é surpreendente. Se Guerra Sem Cortes fosse vendido como sendo material autenticamente captado pelo soldado, seria difícil desconfiar que se trata de um filme encenado. A maior parte das imagens se restringe ao que Angel filma com sua handcam, mesmo que isso signifique uma fotografia (propositalmente) displicente. E, no elenco, só há nomes desconhecidos, o que contribui para essa percepção.

O tema ajuda a aceitarmos a tensão que o filme quer transmitir, refletindo as incertezas dos soldados como Angel. Eles guardam um posto fora do campo de batalha, mas com um perigo iminente sempre presente, e que é materializado em determinada ocasião. Além disso, o ambiente transforma alguns soldados em animais sem princípios e, como em Pecados de Guerra, se aproveitam da situação para praticar um estupro covarde.

Quem são os vilões?

Guerra Sem Cortes apresenta vilões dos dois lados. Enquanto os soldados americanos abusam de seu poder na ocupação, radicais muçulmanos também fazem suas vítimas, filmando até uma decapitação para divulgar suas ações violentas como ameaça aos seus inimigos.

Filmes de found footage sempre são difíceis de assistir, possuem uma claustrofobia própria de vídeos caseiros captados em equipamentos de menor porte. Adicione a isso interpretações autênticas de jovens soldados perdidos em campo de guerra maquinando maldades e inimigos com similar crueldade. Guerra Sem Cortes, por isso, representa uma experiência incômoda, mas nunca cansativa. É, acima de tudo, um importante apelo contra a guerra.

Brian De Palma, muitas vezes criticado por privilegiar a forma e deixar de lado o conteúdo, dessa vez apresenta um filme com uma mensagem essencial realizado como se fosse um simples vídeo amador. É uma decisão corajosa que representa um desvio original em sua filmografia estilosa.


Guerra Sem Cortes (filme)
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