Homem-Aranha no Aranhaverso resolve a grande controvérsia das adaptações para o cinema do personagem.
Ao abrir a possibilidade de realidades paralelas coexistirem, Homem-Aranha no Aranhaverso se livra do escrutínio comparativo entre a adaptação e as estórias originais dos quadrinhos em que Stan Lee e Steve Ditko publicaram sua criação. Afinal, se existem vários universos, cada um com sua versão do herói aracnídeo, se torna vã a tentativa de buscar o que não está fiel às suas origens. Nessa nova animação para o cinema, temos sete versões do herói. E, nenhuma é, necessariamente, aquela que surgiu nas HQs.
Um deles morre logo na primeira parte, e um garoto picado por uma aranha radioativa precisa tomar seu lugar. Porém, ele não está pronto. Então, chegam de outros universos paralelos: um Homem-Aranha adulto, fora de forma, a Mulher-Aranha, alter-ego de Gwen Stacy, um Homem-Aranha Noir, uma Peni Parker do futuro com um robô, e o Peter Porker, o Homem-Aranha em forma de porco. Esses três últimos possuem até estilo de desenho diferenciado. Ou seja, a versão noir parece saído do mundo de “Sin City”, Peni de um mangá e o Porker se assemelha ao Gaguinho do universo do Pernalonga.
A história de Phil Lord
O criador dessa mistureba toda é Phil Lord, que escreveu a estória e é co-roteirista do filme. Sua mente criativa está por trás de Tá Chovendo Hamburguer (2009) e Uma Aventura Lego (2014), exemplares onde a comédia prevalecia sobre a ação. Desta vez, respeitando a fonte, Lord não permite que o humor, muito presente, não descaracterize a jornada dos heróis contra os vilões.
Na estória, o careca Wilson Fisk lidera os vilões. Entre eles, a Drª Ock, filha do Dr. Octopus, que cria a máquina que consegue unir os universos paralelos, a fim de trazer uma versão alternativa da esposa e do filho de Fisk, mortos na realidade que estamos. O Homem-Aranha daqui tenta evitar que a engenhoca funcione, mas é derrotado e assassinado. Surgem, então, as outras versões para impedir o triunfo de Fisk. Acompanhamos o amadurecimento do menino Miles Morales, que é sobrinho do vilão Gatuno. Ele é um mestiço de negro com latino, que precisa aprender a usar seus superpoderes recém-adquiridos. Enquanto isso, muita ação acontece nas quase duas horas de duração de Homem-Aranha no Aranhaverso, tempo acima da média para animações.
Essa ousada trama poderia ser um grande fiasco, mas acaba se revelando uma muito divertida aventura com uma construção firme de cada uma das versões de Homem-Aranha. Com isso, garante uma alternativa bem mais original e interessante do que a nova adaptação ‘live action’ com Tom Holland vivendo um Aranha adolescente e boboca.
Ficha técnica:
Homem-Aranha no Aranhaverso (Spider-Man: Into the Spider-Verse, 2018) EUA. 117 min. Dir: Bob Persichetti, Peter Ramsey, Rodney Rothman. Rot: Phil Lord, Rodney Rothman. Vozes de: Shameik Moore, Jake Johnson, Hailee Steinfeld, Mahershala Ali, Brian Tyree Henry, Lily Tomlin, Luna Lauren Velez, Zoë Kravitz, John Mulaney, Kimiko Glenn, Nicolas Cage, Kathryn Hahn, Liev Schreiber, Chris Pine, Natalie Morales.
Trailer:
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