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Homem Onça (filme)
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Homem Onça

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

Homem Onça mostra o lado desumano das privatizações no Brasil.

O filme apresenta dois momentos na vida de Pedro. O primeiro se inicia em maio de 1997, quando acontece a privatização da fictícia Gás do Brasil. Funcionário da companhia há 25 anos, ele vê a sua posição de gerente de projetos cada vez mais ameaçada, assim como os postos de sua equipe e de seus amigos. O outro momento que o filme aborda já encontra Pedro compulsoriamente aposentado, vivendo em uma casa na mata com uma nova mulher.

Fotos de manifestações contrárias às privatizações, no prólogo, dão a falsa indicação de que Homem Onça se trata de um filme político. Na verdade, o tema serve como pano de fundo, mas a trama prefere focar nos efeitos que esse processo trouxe às pessoas envolvidas. Em especial, nos funcionários públicos que perderam os seus empregos. Assim, Homem Onça não discute se as estatais foram vendidas pelo preço justo, ou se as empresas se tornaram mais produtivas. O que importa no filme é uma abordagem humanista.

Por isso, o diretor Vinícius Reis, em várias cenas, enquadra os personagens dentro de uma moldura formada por portas, paredes ou janelas. Com isso, parece buscar a intimidade deles, a todo momento.

A privatização chega à vida de Pedro acompanhada dos verbetes corporativos “downsizing” e “reestruturação”. Em outras palavras, isso significa demissão em massa. Logo, vemos a sede da Gás do Brasil se esvaziar. E, sintomaticamente, o futebol da firma fica sem jogadores.

Homem e onça

Antes um funcionário motivado, Pedro vê suas realizações desprezadas e sua equipe desmantelada. Como resultado, o stress provoca manchas brancas em sua pele e, daí, vem o título do filme, Homem Onça.

Além disso, esse termo permite inserções de algumas rápidas sequências do protagonista junto à natureza. Quando criança, em uma trilha com os colegas da empresa, ou na vida de aposentado, a onça se aproxima de Pedro. Na cena final, o homem e o animal, finalmente, se encontram.

Enfim, podemos interpretar a onça como a essência de Pedro, ou seja, aquele que nasceu na mata e para lá retorna. Este se contrapõe ao homem corporativo, que ficou preso no capitalismo por 25 anos. Por isso, o homem-onça agora abandona a esposa que deseja insistir nessa vida urbana e empresarial. Pedro prefere o amor da juventude, que nasceu na mata e na mata continua.

Aposentadoria intranquila

Essa dicotomia não é construída com clichês. Afinal, a vida de aposentado de Pedro, apesar da bolada que recebe como indenização pela demissão, não é um paraíso. A aparente alegria precisa da ignição das drogas e das bebidas. E o filho que a nova companheira teve com outro homem parece ameaçar a sua tranquilidade. Por isso, ao chutar a bola na parede da garagem, o rapaz faz soar um barulho que Pedro pensa que são tiros, vindo de rifles que matam as onças na mata.

Apesar disso, Pedro faz uma escolha mais sábia do que seu amigo Dantas. Ex-gerente de RH da Gás do Brasil, Dantas participou da demissão dos colegas e, agora, não suporta começar do zero numa empreitada solo no mundo corporativo.

Em suma, Homem Onça mostra que o capitalismo pode ser mais selvagem que a onça.


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