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Infiltrado na Klan (filme)
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Infiltrado na Klan

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

Com Infiltrado na Klan, Spike Lee explora o gênero policial mantendo a crítica social e seu apurado estilo como cineasta.

Infiltrado na Klan denuncia a existência da Ku Klux Klan nos dias atuais. O roteiro se baseia no livro autobiográfico de Ron Stallworth, protagonista da história como um agente policial negro que guiou os passos de seu colega Flip Zimmerman para se infiltrar numa das ramificações da organização racista liderada por David Duke.

Stallworth conversava ao telefone com Duke, que obviamente desconhecia o fato de que o policial era negro. Para isso, Flip era quem ia fisicamente participar dos encontros com os demais membros. A missão visava colher provas da existência da KKK para poder incriminá-la, e evitar suas atividades terroristas.

Stallworth é interpretado por John David Washington, filho de Denzel Washington, e Flip por Adam Driver, da nova trilogia Star Wars.

O tema do filme obedece a coerência da visão política de Spike Lee, um cineasta que sempre empunhou com orgulho a bandeira racial. DE fato, desde o início da carreira, sempre preferiu contar estórias sobre o universo dos negros, principalmente em Nova York, como em Ela Quer Tudo (1986) e Faça a Coisa Certa (1989).

Protestador

Agora, em Infiltrado na Klan, o viés é mais protestador, levando ao público, inclusive internacional, sua indignação por ainda existir uma organização abominável como a KKK. Essa face contestadora fica evidente nos minutos finais do filme, logo antes dos créditos, que exibem imagens reais de confrontos racistas e discursos do próprio David Duke. Por fim, conclui com uma bandeira norte-americana de ponta-cabeça, que vai do colorido ao preto e branco. A imagem representa a necessidade de mudar esse contexto social nos EUA. Além disso, na abertura, ironicamente, Lee exibe trecho de E o Vento Levou (1939), clássico do cinema que mostrava os negros como escravos.

O tom do filme, mesmo sendo um policial, não possui muita tensão. Inclusive, há humor nas cenas em que Stallworth conversa com o líder da KKK, sem que este desconfie que está falando com um negro. O agente se diverte, com seus colegas, e David Duke é colocado em posição de babaca. São as sequências que mais se aproximam das demais obras de Spike Lee.

Estilo de Spike Lee

Do lado formal, Lee continua a ser um cineasta estiloso, sempre procurando uma solução criativa para filmar. Em Infiltrado na Klan, ele está um pouco mais próximo do cinema tradicional do gênero. Assim, remete aos filmes de blaxploitation dos anos 1970, inclusive na paleta de cores. Porém, ele arrisca alguns recursos inesperados, com ótimos resultados.

Pegue, por exemplo, a cena em que os atores John David Washington e Laura Harrier empunham suas armas para o espectador, se aproximando da câmera. Com isso, provocam um efeito fantasioso para evidenciar que nada ainda está resolvido, mesmo com o sucesso da missão dos agentes policiais. Ademais, Lee também emprega a tela dividida com habilidade. Dessa forma, possibilita ao espectador acompanhar, simultaneamente, Stallworth ao telefone confessando que não é negro e a reação de David Duke.

Por um lado, Infiltrado na Klan carece de tensão e não consegue se equiparar nesse quesito com os melhores filmes policiais do cinema. Mas, por outro, exibe uma estética diferenciada e profundidade temática poucas vezes vista em aventuras de ação.

Em suma, reúne as características da filmografia de Spike Lee, o que é muito importante para quem aprecia cinema autoral.


Infiltrado na Klan (filme)
Infiltrado na Klan (filme)
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