Infinito (Infinite) traz uma ideia nova, porém esdrúxula: mistura ficção-científica com espiritismo. Tem como base de sua história, baseada no livro de D. Eric Maikranz, a reencarnação, e a partir daí tenta criar um universo mítico tão impactante quanto Star Wars. Pelo menos, é o que os realizadores esperam, visto que colocam uma narração logo na abertura, explicando como funciona esse cenário. A voz nos ensina que os Infinitos são os privilegiados que conseguem acessar suas memórias de vidas passadas. Mas eles estão segmentados entre os Convertidos, que desejam a proteção e o crescimento da humanidade, e os Niilistas, que encaram esse dom como uma maldição e querem acabar com a vida na Terra.
A trama gira em torno de Evan McCauley (Mark Wahlberg), a única pessoa que conhece onde está escondido o Ovo, o elemento que pode destruir o mundo. Mas ele não sabe disso, porque possuiu uma placa de aço no seu cérebro. Assim, o que movimenta a ação é a busca dos Niilistas pelo Ovo, enquanto os Convertidos tentam blindar Evan.
Fuqua apenas competente
A aventura envolve perseguição, lutas corpo a corpo, com armas de fogo e com espada (Evan tem o dom de forjar catanas), e até aviões ultra tecnológicos. Sob a batuta do diretor Antoine Fuqua, tudo funciona corretamente, mas sem nunca empolgar. Fuqua é competente o suficiente para fazer um filme bom com um roteiro bom, como, por exemplo, Dia de Treinamento (Training Day, 2001). Mas aqui o enredo é apenas razoável, mais pretencioso do que consegue ser. Como resultado, temos muita movimentação mas pouca vibração. Os personagens não despertam empatia, e acabamos não torcendo pelo time de Evan, como supostamente deveríamos. Sem contar que a ideia do tal ovo e onde ele se encontra é de uma pobreza lastimável.
Mas os produtores de Infinito ainda enxergaram a possiblidade de nova sequência para o filme. Daí a cena dos pós-créditos com a reencarnação de Evan McCauley. Fuqua, pelo jeito, deu de ombros e preferiu embarcar em outra continuação, O Protetor 3 (The Equalizer 3), que deve chegar aos cinemas em 2023. Antes disso, conseguiu inserir a música “I’m Alive” nos créditos finais, cantada pela sua filha Asia Fuqua – mesmo que esse R&B moderno não combine nada com o tema do filme.
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Ficha técnica:
Infinito | Infinite | 2021 | 106 min | EUA | Direção: Antoine Fuqua | Roteiro: Ian Shorr, Todd Stein | Elenco: Mark Wahlberg, Chiwetel Ejiofor, Sophie Cookson, Dylan O’Brien, Jason Mantzoukas, Rupert Friend, Toby Jones, Jóhannes Haukur Jóhannesson, Liz Carr, Kae Alexander, Tom Hughes, Joana Ribeiro, Wallis Day.