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Poster do filme "Instinto Materno"
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Instinto Materno

Avaliação:
7,5/10

7,5/10

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Crítica | Ficha técnica

O francês Benoît Delhomme é um experiente diretor de fotografia. Entre seus trabalhos nessa função está Um Dia (One Day, 2011), estrelado por Anne Hathaway, uma das protagonistas de Instinto Materno (Mother’s Instinct), sua estreia na direção de longas-metragens. Embora na indústria há tempo, seu capricho é de um debutante na função que sabe o que deseja ver na tela. Assim, coloca as duas personagens principais no mesmo enquadramento quando a relação delas está boa, e as individualiza quando se desentendem (para dizer o mínimo). Além disso, a paleta de cores é um dos maiores destaques – com os tons azuis indicando o desequilíbrio emocional, primeiro ao redor de Jessica Chastain (seu carro, suas roupas, sua casa), e depois de Anne Hathaway.

Como a sinopse e o trailer revelam, o gatilho da trama do filme é uma tragédia. Alice (Jessica Chastain) e Celine (Anne Hathaway) são amigas inseparáveis. Moram em casas vizinhas em um belo subúrbio. Ambas têm marido e um único filho. Os dois garotos têm a mesma idade e estudam na mesma classe. Representam, assim, o modelo do american way of life do pós-guerra, nos últimos anos da próspera década de 1950. Esse mundo perfeito desmorona quando Max, o filho de Celine, cai da varanda e morre. A mãe da vítima pensa que Alice, que testemunhou a tragédia, podia ter feito mais para salvar o menino. Alice, por sua vez, desenvolve um sentimento de culpa, que depois se transforma em desconfiança e paranoia.

Um enredo rico e consistente

O enredo consistente, baseado no livro de Barbara Abel, mantém o ponto de vista de Alice, exceto pelo epílogo. Com isso, soa natural que o filme conduza o espectador para o suspense, com base nas dúvidas que surgem na cabeça de Alice. Aliás, suas conjecturas têm fundamento ou são frutos de paranoia? Nos dias seguintes à tragédia, por exemplo, Celine se recusa a falar com Alice. Porém, esta a flagra sendo muito gentil com seu filho Theo (Eamon Patrick O’Connell) – por quê? Celine está sendo verdadeira? Os detalhes também são essenciais na trama, como o colar de pérolas que Celine ganha de presente de Alice logo no início, e que retornará em outro momento que joga por terra essa amizade.

Essa gangorra de sentimentos (medo, suspeita, acusação impedindo empatia, apoio, confiança) espelha a Guerra Fria, tal como a surpreendente revelação representa a hipocrisia que viria na década seguinte, com os Estados Unidos se envolvendo em muitas guerras internacionais e conflitos sociais internos. O próprio filme sugere esses paralelos políticos, quando uma discussão na parte inicial do filme descamba para a desconfiança de terem um presidente tão jovem quanto John F. Kennedy.  

Benoît Delhomme foge do lugar comum na revelação final. Apesar de a descoberta ser bombástica, o filme não tenta chocar o público. Não faz, portanto, o mesmo que o superestimado Saltburn (2023), que esfrega na cara do espectador uma montagem dos atos maldosos para impressionar. Instinto Materno conclui com mais classe, com uma frieza que causa estranheza, mas que combina com a vilã calculista e impacta com mais força pois estabelece que a mentira prevalecerá.

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Ficha técnica:

Instinto Materno | Mother’s Instinct | 2024 | EUA | 96 min | Direção: Benoît Delhomme | Roteiro: Sarah Conradt-Kroehler | Elenco: Jessica Chastain, Anne Hathaway, Anders Danielsen Lie, Josh Charles, Eamon Patrick O’Connell, Baylen D. Bielitz, Caroline Lagerfelt.

Distribuição: Imagem Filmes e California Filmes.

Assista ao trailer aqui.

Onde assistir:
Mulher loira coloca um colar de pérolas no pescoço de outra, morena.
Cena de "Instinto Materno"
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