O filme Jovens Bruxas (The Craft, 1996) explorou com sucesso o tema de bruxas adolescentes. Tema que continua forte até hoje, inundando o streaming com séries como O Mundo Sombrio de Sabrina (2018-2020). É compreensível, pois o poder da magia se encaixa com essa fase em que as meninas se transformam em mulheres, recebendo o poder da sexualidade. Nem sempre essa transição é tranquila, afinal, esse poder deve ser usado com uma sabedoria ainda longe da maturidade das adolescentes.
O enredo de Jovens Bruxas trabalha isso dentro de uma metáfora. As suas quatro protagonistas descobrem o poder mágico do ocultismo, mas acabam corrompidas por ele. Como a dona de uma loja de artigos desse gênero explica no filme, esse poder não é bom nem mal, depende de como a pessoa a utiliza.
A trama pouco macabra
Na trama, a jovem Sarah Bailey (Robin Tunney) chega a Los Angeles com seu pai e a madrasta. Na escola, faz amizade com o trio de garotas com visual gótico (isso se acentuará ao longo do filme), Nancy Downs (Fairuza Balk), Bonnie (Neve Campbell) e Rachel True (Rochelle). Sarah é a peça que faltava para a formação do quarteto (como os quatro elementos e os quatro pontos cardeais). Agora, elas iniciam os primeiros rituais de bruxaria. Gradualmente, os poderes começam a aparecer. Enquanto alguns efeitos são positivos (o sumiço das cicatrizes de Bonnie), outros provocam desgraças, desde a queda de cabelo da garota racista que atormenta Rachel, até mesmo a morte das pessoas que Nancy odeia, passando ainda pela paixão obcecada que Sarah provoca no rapaz em quem ela está interessada. Então, cabe a Sarah enfrentar as suas amigas para restituir a ordem.
O tom do filme se encaixa mais dentro do gênero fantasia do que do terror. Apesar disso, há cenas de mortes e de uma infestação de bichos peçonhentos (cobras, ratos, vermes, baratas etc.) na casa de Sarah, no melhor momento de Jovens Bruxas. Mas, revendo o longa, a ausência de imagens mais fortes deixa a impressão de que estamos vendo um filme juvenil. E, na verdade, não é isso, pois o tema tem sua força no simbolismo que representa em relação à juventude, e também da corrupção do poder.
Enfim, em 2020 saiu uma nova versão do filme, com o título Jovens Bruxas: Nova Irmandade (The Craft: Legacy, 2020). A conferir se o reboot se define como terror ou como aventura juvenil.
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Ficha técnica:
Jovens Bruxas | The Craft | 1996 | 1h41 | EUA | Direção e roteiro: Andrew Fleming | Elenco: Robin Tunney, Fairuza Balk, Neve Campbell, Rachel True, Skeet Ulrich, Christine Taylor, Breckin Meyer, Nathaniel Marston, Cliff De Young, Assumpta Serna, Helen Shaver.