M3GAN conta com alguns realizadores tarimbados no terror. A produção é de Jason Blum, o criador da produtora Blumhouse, especialista no gênero. O cineasta James Wan, de Jogos Mortais (Saw, 2004), Invocação do Mal (The Conjuring, 2013), e tantos outros, é o autor da história do filme, ao lado de Akela Cooper, creditada como roteirista. Aliás, a dupla Cooper e Wan já trabalhou antes no roteiro de Maligno (2021). E Gerard Johnstone dirige aqui o seu segundo longa, tendo estreado com Housebound (2014).
Essa turma toda enfrenta o desafio de lidar com um tópico já vastamente explorado no cinema: o boneco assassino. Só de Chucky e Annabelle são onze filmes. Geralmente, essas incursões são menos violentas do que num slasher típico, e essa impressão se repete em M3GAN. O curso da trama lembra A Maldição de Samantha (Deadly Friend, 1986), de Wes Craven, porque as vítimas fatais são personagens que fazem coisas ruins. Da mesma forma, remete também a Gremlins (1984), de Joe Dante, por primeiro mostrar o lado bom da criatura para depois revelar seu lado sombrio.
A protagonista é Gemma (Allison Williams), uma engenheira de robótica focada no trabalho que, de repente, precisa cuidar da sobrinha Cady (Violet McGraw), cujos pais morrem num acidente. Sem tempo nem aptidão para essa responsabilidade, ela aproveita para testar seu revolucionário projeto de um robô de brinquedo que consegue se auto aperfeiçoar. Logo, essa boneca, de nome M3GAN, se torna a melhor amiga de Cady. Mas a dedicação do protótipo é tão forte que não mede limites para proteger a menina.
Acima da média
Embora a violência seja comedida (o filme tem censura 14 anos), algumas cenas trazem inspirações do terror sobrenatural. Nesse sentido, incluem-se as aparições de surpresa da boneca, que de repente a câmera revela estar bem próxima do personagem central da cena. Mas, principalmente, na movimentação de M3GAN quando ataca sua vítima. Assim, temos a disparada com as mãos e pés no solo, como um animal de quatro pernas. Da mesma forma, o andar com o corpo distorcido que se assemelha aos filmes de possessão. O que pode ser violento para alguns, e para outros não, são os golpes que a própria boneca recebe, incluindo aí cortes na cabeça e até a separação do seu corpo em duas metades. Para os espectadores que a enxergam como um ser com vida, essas imagens podem soar gráficas.
O diretor Gerard Johnstone realiza um trabalho de acordo com o esperado. Mas se destaca mesmo num close-up de Gemma na cama, pela primeira vez pensando na hipótese de sua criação ser responsável por algumas mortes nas redondezas. É bela a iluminação que deixa metade do rosto da atriz com luz e a outra na sombra.
Apesar do tema batido, M3GAN vale uma conferida. Graças aos nomes envolvidos, se coloca acima da maioria dos filmes desse subgênero ainda prolífico.
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Ficha técnica:
M3GAN | 2022 | 102 min | EUA, Nova Zelândia | Direção: Gerard Johnstone | Roteiro: Akela Cooper | Elenco: Allison Williams, Violet McGraw, Ronny Chieng, Amie Donald, Jenna Davis, Brian Jordan Alvarez, Jen Van Epps.
Distribuição: Universal Pictures Brasil.