A Marvel continua sua busca desesperada por substitutos para os maiores super-heróis da marca que se despediram das telas em Vingadores: Ultimato (Avengers: Endgame, 2019). A despedida é parcial, pois alguns voltaram em seus próprios filmes ou em participações nos de outros. Mas, é inegável que o MCU (Marcel Cinematic Universe) necessita de novos personagens com força de blockbuster. As apostas em nomes desconhecidos (Shang-Chi, Os Eternos) não deu certo. Madame Teia (Madame Web) é a mais nova tentativa. Ao que parece, as fichas não estão na protagonista do título, Cassandra Web (Dakota Johnson). E sim nas suas crias, as três adolescentes Julia Cornwall (Sydney Sweeney), Anya Corazón (Isabela Merced) e Mattie Franklin (Celeste O’Connor). Faria sentido, pois elas formariam uma boa parceria com o Homem-Aranha atual, Tom Holland, que também é teen.
A trama
O filme conta uma estória anterior ao surgimento delas. Então, se caírem no gosto do público, elas ressurgirão em uma nova produção. A personagem principal, criada por Denny O’Neil e John Romita Jr., surgiu como coadjuvante nos quadrinhos do Homem-Aranha. Isso explica a sua origem relacionada a aranhas. O prólogo mostra que Constance (Kerry Bishé) foi picada por uma aranha especial na Amazônia peruana quando estava grávida de Cassandra e morreu. Trinta anos depois, Cassandra descobre que tem poderes de premonição, mas não sabe ainda como usá-los. Porém, precisa aprender com urgência. Afinal, o vilão que assassinou a sua mãe, e que adquiriu poderes aracnídeos, quer matar três adolescentes que ele prevê que o destruirão no futuro. E ela assume a responsabilidade de salvá-las.
Essa trama não inspira muita empolgação. Para começar, o motivo do vilão é fraco. Ele acaba se expondo ao perigo ao ir atrás das meninas para eliminar um perigo que ele viu numa premonição. E o roteiro tem falhas – por exemplo, por que as três jovens vão juntas ao hospital na parte final, ao invés de ficar em casa escondidas? Porém, o mais grave é ter uma super-heroína com poderes apenas mentais. Madame Web conta com sua habilidade premonitória, que aprende aos poucos a manejar usando sua inteligência, e escala para a capacidade de estar em mais de um lugar ao mesmo tempo.
Plataforma de lançamento
Soa apelativo, além disso, essa conexão com o Homem-Aranha, por ser um dos super-heróis que ainda continuam atraindo grande público aos cinemas. O vilão, por isso, parece o próprio Homem-Aranha vestido de preto. Em certo momento, um místico no Peru reúne na mesma frase as palavras grandes poderes e responsabilidade, uma referência ao famoso conselho do tio do herói aracnídeo. O uso do filme como trampolim para o lançamento das três novas heroínas também força a barra. Elas aparecem no meio do nada em flashes de segundos e nos créditos finais.
Apesar disso, Madame Teia possui suas qualidades. O passado da protagonista, ou seja, o motivo de sua mãe embarcar grávida numa expedição perigosa na Floresta Amazônica é um dos mais nobres desse mundo de super-heróis. O elenco é muito bom, não só Dakota Johnson como as jovens Sydney Sweney (estrela em ascensão presente em vários filmes recém-lançados), Isabela Merced (a versão live action da Dora, A Aventureira cresceu bem), e Celeste O’Connor (que já se destacou em Ghostbusters: Mais Além [Ghostbusters: Afterlife, 2021]). Sem contar ainda que o filme apresenta uma bela fotografia (do veterano italiano Mauro Fiore) e uma direção mais que competente de S.J.Clarkson, que tem muita experiência em séries.
Mas, não adianta. A estória é fraca, e à super-herói do título faltam superpoderes que permitam empolgar mais. Se a ideia é mesmo lançar as três novas aracnídeas heronínas, talvez fosse melhor escalá-las direto num filme do Homem-Aranha.
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Ficha técnica:
Madame Teia | Madame Web | 2024 | 116 min | EUA | Direção: S.J. Clarkson | Roteiro: Matt Sazama & Burk Sharpless e Claire Parker & SJ Clarkson | Elenco: Dakota Johnson, Sydney Sweeney, Celeste O’Connor, Isabela Merced, Tahar Rahim, Mike Epps, Emma Roberts, Adam Scott.
Distribuição: Sony Pictures.
Trailer: