Monika e o Desejo (filme)
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Monika e o Desejo

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

A partir de Monika e o Desejo, o público norte-americano criou a fama de que os filmes europeus eram ousados. Por um lado, pela nudez, por outro, pela liberação da mulher. Nos anos seguintes, essa ousadia seria explorada comercialmente, por realizadores como Roger Vadim. Por exemplo, em E Deus Criou a Mulher (1956) e Vingança de Mulher (1958), ambos com Brigitte Bardot.

A trama

É primavera, e a estação desperta os impulsos românticos dos jovens Harry, de 19 anos, e Monika, de 17. Ao mesmo tempo, explode a rebeldia juvenil contra a insatisfação que ambos sentem em casa e no trabalho.

Harry perdeu a mãe quando ainda era criança. Desde então, vive com seu pai, mas os dois mal se falam. E, para piorar, o pai adoece. Além disso, o rapaz é um empregado desleixado em uma fábrica de vidros e porcelanas.

Por sua vez, Monika é uma garota sexualmente liberada. Mas, isso não significa que ela aceite ser bolinada pelos ex-amantes no seu trabalho numa quitanda, ou no bairro onde mora. Em casa, faz parte de uma família numerosa e barulhenta.

A gota d’água para Mônika é a agressão que sofre do pai embriagado. Por esse motivo, sai de casa e do trabalho, e busca abrigo na casa de Harry.

Diante, também, do pedido de demissão de Harry em seu emprego, os dois jovens namorados resolvem fugir num barco e passar o verão nas ilhas ao redor de Estocolmo. Nessa jornada, vivenciam dias de liberdade e amor, mas também uma vida austera junto à natureza. Em certos momentos, precisam lutar pela sua sobrevivência.

Logo, Monika sente falta de melhores refeições e conforto, principalmente depois que fica grávida. Harry ganha a consciência de que precisam voltar a trabalhar e morar na cidade, para assim assegurar o futuro do casal. Então, retornam e alugam um apartamento.

Harry se esforça trabalhando e estudando ao mesmo tempo, enquanto Monika fica em casa cuidando do bebê, reclamando da miséria do casal. Durante o dia, o bebê fica sob os cuidados da tia de Harry, e Monika aproveita para transar com outros homens. Quando Harry descobre da infidelidade, Monika foge e deixa ele e o bebê para trás.

O verão com Monika

Para Harry, esse verão que ele passa com Monika representa sua passagem para a vida adulta. Muito mais que o sexo, ele descobre sua responsabilidade não só com ele, mas com as pessoas que dependem dele. No caso, Monika e, depois, o bebê na barriga dela. Na natureza, precisa buscar comida e abrigo, e logo vê que somente a cidade pode lhe dar um futuro melhor.

Ele retorna diferente, não mais o empregado desleixado, mas um responsável trabalhador e estudante. Por fim, com a fuga de Monika, ele encarará sozinho a vida de adulto, já com uma criança a criar.

Enquanto isso, Monika reconhece que a vida adulta ainda não lhe apetece. Afinal, ela aprecia o conforto, mas não quer se esforçar para conseguí-lo. Além disso, quer liberdade sexual, e não uma vida monogâmica, pelo menos, por enquanto. Ademais, não aguenta a responsabilidade de criar um bebê.

Direção

Ingmar Bergman, junto com seu diretor de fotografia Gunnar Fischer, apresenta belas imagens em Monika e o Desejo, tanto dos jovens protagonistas como da cidade e da natureza. Aliás, uma característica marcante de seus filmes. Porém, os momentos mais marcantes desse longa são dois close-ups.

O primeiro, e o mais famoso deles, acontece logo após Harry partir em viagem de trabalho. Monika fica só no apartamento, se veste e se maquia. Então, vira seu rosto para a câmera e, assim, pede a cumplicidade do espectador para os atos de infidelidade que ela está prestes a praticar. Sua feição confiante evidencia que ela não pede desculpas ou licença, apenas constata sua condição de mulher livre.

O outro close-up emblemático conecta a abertura do filme e o seu final. Harry se olha no espelho por um tempo estendido, reconhecendo que passou por uma transformação. Agora, é um adulto responsável, que retorna ao trabalho, mas com outra mentalidade. Trata-se do mesmo espelho do início da história, mas que antes trouxe Monika mirando-o.

Para concluir, Monika e o Desejo marcou o início da fama para a atriz Harriet Andersson, na época com 20 anos. E, também, inaugurou a duradoura parceria com o diretor Ingmar Berman. Sem dúvida, um filme que marcou época e abriu as portas do mercador norte-americano para os filmes europeus considerados ousados.

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Ficha técnica:

Monika e o Desejo | Sommaren med Monika | 1953 | Suécia | 96 min | Direção: Ingmar Bergman | Roteiro: Pers Anders Fogelström | Elenco: Harriet Andersson, Lars Ekborg, Dagmar Ebbesen, Åke Fridell, Naemi Briese, Åke Grönberg, Sigge Fürst, John Harryson.

Onde assistir "Monika e o Desejo":
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