Diretor, roteirista, ator, produtor e estudioso do cinema, Peter Bogdanovich morreu nesta quinta, 6 de janeiro de 2022, em Los Angeles, aos 82 anos.
Bogdanovich ganhou fama mundial com A Última Sessão de Cinema (The Last Picture Show, 1971), pelo qual recebeu suas duas únicas indicações ao Oscar, nas categorias de direção e roteiro adaptado. Seus dois filmes seguintes também conquistaram alto apreço. A comédia Essa Pequena é uma Parada (What’s Up, Doc?), de 1972, estrelado por Barbra Streisand e Ryan O’Neal, atraiu grande bilheteria. Já Lua de Papel (Paper Moon, 1973) conquistou a crítica.
Da década seguinte, seu filme mais celebrado é Marcas do Destino (Mask, 1985). Encerrou sua carreira com a comédia dramática Um Amor a Cada Esquina (She’s Funny That Way, 2014), com Owen Wilson e Jennifer Aniston, e com o documentário The Great Buster (2018), sobre o genial comediante do cinema mudo Buster Keaton.
Bogdanovich teve uma breve passagem pelo teatro off-Broadway, e escrevia críticas de filmes e artigos quando resolveu se aventurar por Hollywood. Logo, Roger Corman usou seus serviços, não creditados, no roteiro e outras funções de Os Anjos Selvagens (The Wild Angels, 1966). O filme obteve uma surpreendente receita de US$ 15 milhões, tendo custado apenas US$ 360 mil. Diante desse resultado, Corman lhe deu a chance de dirigir Na Mira da Morte (Targets, 1968), com um roteiro escrito por Samuel Fuller a partir da história de Bogdanovich e sua esposa Polly Platt.
Um Amor a Cada Esquina
Por conta das suas mulheres, a vida pessoal de Bogdanovich recebeu holofotes comumente apontados para celebridades. Separou-se da esposa Poly Platt, após dez anos de casados e duas filhas, por causa de um notório caso com Cybill Shepherd, após dirigí-la em A Última Sessão de Cinema.
No início dos anos 1980, Bogdanovich se envolveu com a playmate Dorothy Stratten, atriz de seu filme Muito Riso e Muita Alegria (They All Laughed, 1981). Desta vez, as manchetes foram ainda mais escandalosas, pois Stratten foi assassinada pelo seu marido, que se suicidou. Então, sem se importar com os tabloides, o cineasta se casou com a irmã de Dorothy, Louise Stratten, em 1988, de apenas 20 anos. Porém, o enlace durou apenas 3 anos.
No Mundo do Cinema
Peter Bogdanovich deixa um legado precioso para pesquisadores e estudantes de cinema, bem como para cinéfilos. Além de suas críticas e artigos para revistas, publicou vários livros, entre eles: “Who the Hell’s in It: Conversations with Hollywood’s Legendary Actors” (2005) e “Who the Devil Made It: Conversations With Legendary Directors” (1997).
Como jornalista de cinema, registrou em filme entrevistas históricas com os maiores cineastas. Por exemplo: The Great Professional: Howard Hawks (1967) e Directed by John Ford (1971). Neste último, não tem como não nos solidarizarmos com o jovem admirador tentando arrancar respostas de Ford, sempre notoriamente impaciente em entrevistas.
Além disso, Bogdanovich acumula 58 créditos como ator, normalmente em pequenos papéis. Por exemplo, como o diretor de cinema Peter no filme It – Capítulo 2 (It Chapter Two, 2019). Mas, talvez seja mais lembrado como o Dr. Elliot Kupferberg da série Família Soprano (2000-2007).
Acima de tudo, com a morte de Peter Bogdanovich, cerram-se os olhos de um dos mais apaixonados espectadores do cinema.