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Duplo Suicídio Forçado: Verão Japonês (filme)
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Duplo Suicídio Forçado: Verão Japonês

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

“Duplo Suicídio Forçado: Verão Japonês”: Nagisa Oshima em uma perturbadora ficção científica crítica

Este filme caracteriza claramente o diretor Nagisa Oshima como um dos protagonistas da nouvelle vague japonesa. “Duplo Suicídio Forçado: Verão Japonês” evidencia um estilo anárquico e politizado, e com idiossincrasias próprias do cinema de autor. Não à toa, Oshima recebeu a alcunha de Godard japonês. Da mesma forma, nós brasileiros, também poderíamos apelidá-lo de Glauber Rocha japonês.

Já a primeira parte de “Duplo Suicídio Forçado: Verão Japonês” é radicalmente fora dos padrões convencionais. Em uma paisagem pós-apocalíptica, onde as ruas estão desertas, uma garota de 18 anos (Keiko Sakurai) declama seus pensamentos. Quando encontra alguma pessoa, parece que ninguém nota sua presença. Seus cabelos e suas roupas invocam um tempo futuro, e parece estarmos diante de uma ficção científica.

Não há nenhuma menção quanto à posição no tempo, mas o espaço está evidenciado como sendo o Japão, o que é fundamental para a crítica de Oshima. Então, a montagem desconexa ignora a continuidade e acompanhamos a garota deslocar-se de uma cena a outra sem uma explicação lógica. Sabemos que ela deseja sexo, que está à procura de homens. Logo, acaba encontrando um rapaz (Kei Sato). Mas, este busca a morte, e não quer saber de transar com ela.

O segundo terço

Eventualmente, os dois esbarram em uma gangue de mafiosos, que os leva para o esconderijo deles, onde encontram outros homens reunidos para enfrentarem uma turma rival. Assim, o filme permanece nesse cenário durante o longo segundo terço de sua duração. Enquanto discutem temas sobre violência, continuam a evitar o contato sexual com a garota, que chega até a cantar e dançar insinuantemente para os homens. O foco deles é exclusivamente a violência.

Então, ao ouvirem na televisão que um franco atirador ocidental está nas ruas atirando nas pessoas, os homens desejam participar. Isso acaba acontecendo quando recebem a notícia de que o líder do grupo deles foi preso. Então, todos partem para o local onde está o atirador, mas antes alguns assassinatos imotivados acontecem entre eles. O grupo reduzido que consegue chegar até o assassino ocidental resolve apoiá-lo e confrontar a polícia japonesa.

Perturbador

Enfim, o clima em todo o filme é perturbador. A narrativa não é linear, as atitudes dos personagens são inesperadas, as mortes sem explicação. Mais tarde, Stanley Kubrick revisitaria esse tema da juventude violenta em “A Laranja Mecânica” (A Clockwork Orange, 1971), onde os assassinatos acontecem a sangue frio, como parte da rotina insana das pessoas. Além disso, a música estridente se tornaria modelo para filmes e séries do final dos anos 70 e início dos 80, como em “O Planeta dos Macacos”.

Nagisa Oshima, como faria em outros filmes, coloca a mulher como a personagem menos alienada da estória, que pelo menos prefere aproveitar a vida a simplesmente pensar em violência. Aiás, é o lema “make love, not war” propagado pelos hippies no lado ocidental do planeta naquela época, transportado para esse ambiente árido e futurista.

A crítica à violência está presente em todo o filme, mas um recorte especial é dedicado à americanização do povo japonês. Nesse sentido, os personagens resolvem se juntar ao franco atirador norte americano, mesmo este tendo assassinado vários japoneses nas ruas. Em suma, é a acidez de Oshima retratando a maioria dos japoneses que, após a Segunda Guerra Mundial, se submetem às influências econômicas e culturais dos estadunidenses, ainda que estes tenham matado milhares de japoneses com as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki.


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