O filme Nas Terras Perdidas é uma adaptação do conto homônimo escrito por George R.R. Martin. Porém, a não ser pelo mapa que volta e meia aparece na tela, quase nada lembra a obra mais famosa do autor que deu origem à série Game of Thrones. Embora a trama envolva um universo fantástico com bruxas e seres de outro mundo, o roteiro não cria um arcabouço mítico que o sustente.
Desta vez, o cenário não remete à Idade Média, apesar da existência de uma Igreja Inquisitória com muito poder. A história acontece num mundo pós-apocalíptico, composto por várias ruínas que possivelmente pertenciam às cidades como as que conhecemos hoje, ao lado de chaminés de fogo e fumaça comuns em regiões de refinadoras petrolíferas. No início do filme, a Inquisidora (Arly Jover) está prestes a enforcar a bruxa Gray Alys (Milla Jojovich). Mas, ela consegue se salvar usando a sua magia capaz de criar alucinações nos seus oponentes. A escapada soa fácil demais, sensação frustrante que acompanha outros desafios que ela enfrenta no restante do filme.
Nesse reino, existe uma rainha manipuladora (Amara Okereke), que propositalmente se engravida secretamente do caçador Boyce (Dave Bautista num personagem que remete ao faroeste), para assim ter um herdeiro para continuar no trono após a iminente morte do moribundo rei. A narrativa começa a caminhar quando a rainha contrata Gray Alys para conseguir se transformar em um lobo – em outras palavras, se tornar uma lobisomem. Então, a bruxa parte para as Terras Perdidas contando com a ajuda do caçador, que conhece esse trajeto (e seus perigos) melhor do que ninguém. Aliás, a fraca premissa que coloca a bruxa nessa e outras enrascadas repousa no fato de ela não poder negar um pedido.
Uma aventura juvenil
Na jornada, Gray e Boyce enfrentam a perseguição da Inquisidora e seus soldados, bem como seres de outro mundo cuja existência não é bem explicada. Pelo menos, é uma aventura movimentada, apesar de conflitos resolvidos com facilidade exagerada. Mas é positivo que a bruxa não conte apenas com a magia da alucinação, que não rende cenas emocionantes. Ela também parte para a ação, em lutas corporais e armadas – que são o ponto forte de Milla Jojovich, muito melhor nas cenas de briga do que na atuação, ainda mais com os diálogos ruins deste filme.
Evitando a violência gráfica (por exemplo, quando Boyce arranca uma bala do seu braço ferido, esse ato fica fora do quadro), Nas Terras Perdidas parece buscar o público juvenil. Isso explica, também, o uso de uma fotografia estilizada, priorizando os tons marrons ou cinzas, dependendo da cena. O efeito lembra adaptações de graphic novels como 300 (2006), de Zack Snyder, e Sin City (2005), de Robert Rodriguez. Mas, este novo projeto do casal Paul W.S. Anderson e Milla Jojovich fica próximo do fracasso de Monster Hunter (2020) e abaixo da franquia Resident Evil.
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Ficha técnica:
Nas Terras Perdidas | In the Lost Lands | 2025 | 101 min. | Alemanha, Canadá, EUA | Direção: Paul W.S. Anderson | Roteiro: Constantin Werner | Elenco: Milla Jojovich, Dave Bautista, Arly Jover, Amara Okereke, Fraser James, Simon Lööf, Deirdre Mullins, Sebastian Stankiewicz.
Distribuição: Diamond Films.