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O Conde (filme)
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O Conde

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

Pablo Larraín volta a falar sobre Augusto Pinochet, como fez antes em No (2012), que o projetou internacionalmente. Mas, em O Conde, ele não relata um evento histórico, como o referendo de 1988 daquele filme. Pelo contrário, adentra o cinema fantástico para construir uma metáfora que iguala o ditador chileno a um vampiro. A aproximação é provocativa. São duas criaturas que agem nas trevas (na noite ou no totalitarismo) e que ganham força bebendo o sangue de suas vítimas (literalmente ou explorando e reprimindo com violência o povo). E, para piorar, não são únicos (há outros vampiros ou outros ditadores) e possuem o poder da imortalidade (de origem sobrenatural ou pela ideologia neofascista). No filme, essa desgraça surge na França do Rei Luís XVI (segunda metade do século 18).

Apropriadamente, Pablo Larraín utiliza uma bela fotografia em preto e branco para filmar essa história. Não só para reforçar o período sombrio que Chile sofreu, mas porque remete à iconicidade dos antigos clássicos do terror sobre o Conde Drácula. Em especial, como não poderia ser diferente, o impagável Nosferatu (1922), de F.W. Murnau. Isso fica evidente num breve trecho no qual Larraín filma a silhueta do monstro, no escuro, em cima de um barco. A caracterização do Pinochet vampiresco, porém, não lembra a cara de rato imaginada por Murnau. Está mais para o classudo Bela Lugosi em Drácula (1931), de Tod Browning.

O humor no lugar do horror

No entanto, o preto e branco possui uma tonalidade clara. Se fosse mais escura, resultaria num tom sombrio, que o cineasta chileno quer evitar. Larraín busca o humor ácido, apostando na capacidade de o público achar graça nas comparações entre o vampiro e o ditador Pinochet, ampliando esse foco para os revolucionários (materializado na jovem freira) e para a parceria com Margareth Thatcher. Um humor de difícil encaixe, que fica aqui tão deslocado quanto em O Farol (The Lighthouse, 2019), de Robert Eggers.

Ademais, a premissa, embora original, não ganha um desenvolvimento narrativo interessante. Fica à deriva, sem apontar para um desfecho e, quando chega a conclusão, esta parece apenas se preocupar em manter a coerência com as metáforas levantadas ao longo do filme.

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Ficha técnica:

O Conde | El Conde | 2023 | 110 min. | Chile | Direção: Pablo Larraín | Roteiro: Pablo Larraín, Guillermo Calderón | Elenco: Jaime Vadell, Gloria Münchmeyer, Alfredo Castro, Paula Luchsinger, Stella Gonet, Catalina Guerra, Amparo Noguera, Antonia Zegers, Marcial Tagle.

Distribuição: Netflix.

Onde assistir:
O Farol (filme)
O Farol (filme)
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